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sábado, 13 de dezembro de 2014


Acordo sábado pela manhã e ouço a chuva a cair de mansinho na terra já molhada, pois há dias que a chuva chegou e parece que chegou para ficar, pelo menos, até o fim de semana passar. Olho as plantas com pingos d'água dependurados, brilhantes como diamantes, e quase as ouço sussurrar de alegria após meses de secura e calor. Sim, no inverno quase não choveu e fez mais calor do que está fazendo agora que estamos no verão.

As estações estão trocadas, o clima está diferente, o planeta está sentindo as agruras e sofrimentos que estamos impondo a ele com nossa ganância destrutiva e criminosa. Até quando nossa generosa Mãe Terra vai nos amar e deixar-nos caminhar nesta via de destruição?

Pensemos neste mundo de belezas que nos cercam, árvores, flores, pássaros, céu azul... fauna, flora abundantes, diversificada, grandiosa. Freud em sua velhice considerou que  o que realmente importa e faz a vida valer a pena são as coisas simples do dia-a-dia.


Admirar o por-do-sol, deixar-se contagiar pelo sorriso de uma criança, curtir o calor de um abraço amigo, observar com prazer a chuva caindo do céu, apreciar o som do vento nas folhas das árvores, olhar a dança dos passarinhos no ar, sentir o aroma das flores no jardim, comer uma fruta apanhada diretamente no pé... sons, aromas, texturas, percepções que mostram que a vida pode ser maravilhosa quando sabemos aprecia-la em sua essência.

Família, amigos, amor, amizade, coisas que não tem preço, mas que fazem a vida valer a pena. E muito!  Pensemos nisso, cuidemos do que é realmente bom e essencial na vida!  E vamos amar e cuidar melhor de todos e de tudo, principalmente do nosso maravilhoso lar - o Planeta Terra!

Um ótimo e saboroso sábado para todos!

Fotos: Vera

terça-feira, 25 de novembro de 2014

UMA MANHÃ COMO AS OUTRAS...




A gente mal acorda e já vai se preocupando com a rotina, os afazeres domésticos, a responsabilidade com a família, os problemas financeiros que precisam de atenção e cálculo, é tanta coisa que mal temos tempo  para ver a beleza do dia ensolarado, brilhante, o azul do céu sem nuvens, ou após uma noite de chuva observar o amanhecer cinzento, o tom de um céu plúmbeo, pesado de gotas d’água que em breve cairão sobre a terra seca… 

Toda a beleza se perde e o coração se endurece!
E o dia passa sem que o tenhamos vivido em plenitude, com prazer, com alegria de viver. 

Penso nisso tudo enquanto meus olhos distraídos observam pelo vidro da janela à minha frente a bela árvore carregada de flores vermelho-alaranjado, com pencas de sementes que em breve serão dispersas pelo vento gerando novas árvores carregadas de vida, flores e beleza, o vôo dos passarinhos que dançam suavemente na brisa fresca da manhã, enquanto o verde da natureza colore os olhos de tons e matizes diferentes...

A alma se enche de gratidão e amor pela criação, pela vida, pelo sopro divino que preenche os pulmões com satisfação, pelo sangue que corre nas veias, pelo corpo sagrado-profano, enquanto o Bem-te-vi de asas ligeiras e bico fino beija e suga as flores com paixão, para logo procurar outra e mais outra em busca de saciedade...
É toda uma explosão de vida que em poucos instantes mudou o meu dia! 

Um bom e terno dia!

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

CONTRA O TRÁFICO DE ANIMAIS SELVAGENS

Usuários do Facebook podem ajudar a Polícia Ambiental no combate aos crimes de tráfico de animais no Brasil


terça-feira, 4 de novembro de 2014

O NATAL ESTÁ CHEGANDO!




quinta-feira, 30 de outubro de 2014

TRATAMENTO ECOLÓGICO RECUPERA RIOS POLUÍDOS


Sistema de tratamento ecológico recupera rios poluídos e cria jardins flutuantes

 11 de junho de 2014
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E se fosse possível recuperar rios poluídos gastando pouco dinheiro? Essa é a ambição do sistema de tratamento de água ecológico que pode ser instalado em rios, canais e lagos contaminados. Criado pela empresa escocesa Biomatrix Water, a tecnologia já despoluiu o canal Paco, da cidade de Manila, nas Filipinas.
Além de melhorar a qualidade da água e aumentar a biodiversidade aquática, o sistema revitalizou a paisagem do canal filipino, que antes era destino final de lixo e esgoto. Isso porque usa “jardins flutuantes”, que são ilhas artificiais, de aproximadamente 110 m², cobertas por plantas aquáticas capazes de filtrar poluentes.
O sistema ainda tem outra vantagem: o custo da despoluição é menor do que a metade do que gastam estações de tratamento de águas residuais convencionais, segundo a empresa. Isso é possível graças à integração e ativação do ambiente fluvial circundante.
No vídeo abaixo, saiba como funciona a engenhoca:
O processo de descontaminação também dependeu de outros dois fatores: de obras de infraestrutura para evitar o despejo de resíduos no local e da instalação de um reator capaz de adicionar ar à água e introduzir no ecossistema uma bactéria que se alimenta de poluentes.
Abaixo, veja imagens de como era o canal antes da revitalização e de como ele ficou depois que a comunidade local se engajou na sua recuperação por meio do sistema de tratamento:
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Este ano, o Planeta no Parque Rios e Ruas, do Planeta Sustentável, também estava empenhado em reconectar a população da cidade de São Paulo à natureza e ajudá-las a redescobrir os rios que correm debaixo do asfalto. Realizado nos dias 31/5 e 1/6, o evento teve expedição, oficina, exposição e até um mapa gigante dos “rios invisíveis” da capital paulista. Fique por dentro de tudo o que rolou, neste post!
Fotos: Reprodução/Facebook

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

ENFRENTAMENTO DO AQUECIMENTO GLOBAL




Plantio de florestas é estratégia de enfrentamento do aquecimento global

08 de outubro de 2014

Por Karina Toledo
Agência FAPESP – Em um artigo publicado na seção de opinião do jornal norte-americano The New York Times, em 19 de setembro, Nadine Unger, professora da Yale University, afirmou serem fracas as evidências científicas sobre os benefícios proporcionados pelo reflorestamento e pela redução do desmatamento na mitigação das mudanças climáticas.
O texto causou forte reação na comunidade científica. No dia 22 de setembro, um grupo formado por 31 pesquisadores – vários deles membros do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) da Organização das Nações Unidas (ONU) – divulgou uma carta aberta na qual discordam veementemente das declarações feitas por Unger.
Uma versão resumida do texto foi publicada na seção de opinião do The New York Times no dia 23 de setembro, mesma data em que começou em Nova York a Cúpula da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o Clima.
Na carta resposta, o grupo de cientistas contesta a afirmação de Unger, de que estaria incorreta a “sabedoria convencional” segundo a qual o plantio de árvores auxilia no combate ao aquecimento global. Na avaliação dela, a medida poderia até mesmo agravar o problema climático.
De acordo com os cientistas, as florestas promovem um efeito de resfriamento do clima porque armazenam vastas quantidades de carbono em troncos, galhos, folhas e são capazes de manter esse elemento químico fora da atmosfera enquanto permanecerem intactas e saudáveis.
Segundo o grupo, as florestas também resfriam a atmosfera porque convertem a energia solar em vapor d’água, o que aumenta a refletividade da radiação solar por meio da formação de nuvens, fato negligenciado no trabalho de Unger. Concordam, em parte, com a afirmação da professora de Química Atmosférica em Yale, de que “as cores escuras das árvores absorvem maior quantidade de energia solar e aumentam a temperatura da superfície terrestre".
Unger afirmou que plantar árvores nos trópicos poderia promover o resfriamento, mas em regiões mais frias causaria aquecimento.
“Ela (Unger) aponta corretamente que florestas refletem menos energia solar do que a neve, as pedras, as pastagens ou o solo, mas ignora o efeito das florestas de aumentar a refletividade do céu acima da terra, por meio das nuvens. Esse efeito é maior nos trópicos”, afirmaram os cientistas.
Unger disse não haver consenso científico em relação aos impactos da mudança de uso da terra promovida pela expansão da agricultura e se o desmatamento resultante teria contribuído para esfriar ou aquecer o planeta.
“Não podemos prever com certeza que o reflorestamento em larga escala ajudaria a controlar as temperaturas em elevação”, disse ela. Argumentos semelhantes já haviam sido apresentados pela cientista em artigo publicado em agosto na Nature Climate Change.
Ainda segundo Unger, os compostos orgânicos voláteis (VOCs, na sigla em inglês) emitidos pelas árvores em resposta a estressores ambientais interagem com poluentes oriundos da queima de combustíveis fósseis aumentando a produção de gases-estufa como metano e ozônio.
Por último, a cientista de Yale afirmou que o carbono sequestrado pelas árvores durante seu crescimento retorna à atmosfera quando elas morrem e que o oxigênio produzido durante a fotossíntese é consumido pela vegetação durante a respiração noturna. “A Amazônia é um sistema fechado que consome seu próprio carbono e oxigênio”, argumentou.
Benefícios indiscutíveis
A carta resposta divulgada pelos cientistas ressalta que os próprios estudos de Unger mostraram que qualquer potencial efeito de resfriamento promovido pela redução das emissões de compostos orgânicos voláteis resultante do corte de árvores seria superado pelo efeito de aquecimento promovido pelas emissões de carbono causadas pelo desmatamento.
“Esta semana, as negociações das Nações Unidas sobre o clima abordam a importância de dar continuidade aos esforços para frear a degradação das florestas tropicais, que são uma contribuição essencial e barata para a mitigação das mudanças climáticas. A base científica para essa importante peça da solução do problema climático é sólida. Nós discordamos fortemente da mensagem central da professora Unger. Concordamos, no entanto, com a afirmação feita por ela de que as florestas oferecem benefícios indiscutíveis para a biodiversidade”, concluem os cientistas.
O grupo de autores é liderado por Daniel Nepstad, diretor executivo do Earth Innovation Institute, dos Estados Unidos, um dos fundadores do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e um dos autores do quinto relatório divulgado pelo IPCC.
Também fazem parte do grupo Reynaldo Victoria, professor da Universidade de São Paulo (USP) e membro da coordenação do Programa FAPESP de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais, e Paulo Artaxo, professor da USP e um dos autores do quinto relatório do IPCC.
“O artigo divulgado por Unger na revista Nature Climate Change tem erros elementares e não leva em conta aspectos fundamentais, como a importância das florestas tropicais na formação de nuvens, que altera a refletividade da superfície e também atua no controle do ciclo hidrológico”, disse Artaxo à Agência FAPESP.
“Esse episódio mostra como a ciência, quando negligencia aspectos importantes, pode ser muito prejudicial do ponto de vista de políticas públicas. Reflorestamento e redução do desmatamento são umas das melhores estratégias de redução dos efeitos do aquecimento global”, afirmou.

Artigo no New York Times contesta evidências científicas sobre benefícios do reflorestamento e da redução do desmatamento e causa reação na comunidade científica (foto: Wikimedia)
Recebido por e-mal do Movimento Resgate Cambuí

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

RESULTADOS DO DESMATAMENTO DA MATA ATLÂNTICA EM SP


Por que desmatar 79% da área de mananciais secou São Paulo

MARCIA HIROTA*
09/10/2014 13h21
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O mapa feito pela SOS Mata Atlântica mostra em verde o que sobrou de cobertura florestal na área da bacia do Sistema Cantareira (Foto: Divulgação)

Reservatório Jaguari em 2014 (Foto: Divulgação )

Reservatório Jaguari em 2010 (Foto: Divulgação )


Estudo da Fundação SOS Mata Atlântica divulgado com exclusividade por ÉPOCAconstatou que a cobertura florestal nativa na bacia hidrográfica e nos mananciais que compõem o Sistema Cantareira, centro da crise no abastecimento de água que assola São Paulo, está pior do que se imaginava. Hoje, restam apenas 488 km2 (21,5%) de vegetação nativa na bacia hidrográfica e nos 2.270 km2 do conjunto de seis represas que formam o Sistema Cantareira. As fotos acima mostram uma comparação do volume de água no reservatório Jaguari em 2010 e 2014.
O levantamento avaliou também os 5.082 km de rios que formam o sistema. Desse total, apenas 23,5% (1.196 km) contam com vegetação nativa em área superior a um hectare em seu entorno. Outros 76,5% (3.886 km) estão sem matas ciliares, em áreas alteradas, ocupadas por pastagens, agricultura e  silvicultura, entre outros usos.
O estudo teve como base o último Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, que avaliou a situação da vegetação nos 17 Estados com ocorrência do bioma, no período 2012-2013. O Atlas, que monitora o bioma há 28 anos, é uma iniciativa da Fundação SOS Mata Atlântica e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), com patrocínio de Bradesco Cartões e execução técnica da Arcplan. 

Com base em imagens de satélite, o Atlas da Mata Atlântica utiliza a tecnologia de sensoriamento remoto e geoprocessamento para monitorar os remanescentes florestais acima de 3 hectares. Neste estudo sobre o Sistema Cantareira, realizado pela SOS Mata Atlântica e Arcplan, foram identificadas as áreas de até 1 hectare.
As análises foram avaliadas em nível municipal, indicando os municípios com total de áreas naturais mais preservados. As cidades observadas foram: Camanducaia (19,6% de vegetação nativa), Extrema (15,2%), Itapeva (7,9%) e Sapucaí Mirim (42%), em Minas Gerais; Bragança Paulista (3,2%), Caieiras (50,2%), Franco da Rocha (40,8%), Joanópolis (18,8%), Mairiporã (36,6%), Nazaré Paulista (24,7%), Piracaia (17,7%) e Vargem (17,9%), em São Paulo.
As florestas naturais protegem as nascentes e todo fluxo hídrico. Com esses índices de vegetação, não é de se estranhar que o Sistema Cantareira opere, atualmente, com o menor nível histórico de seus reservatórios, já que para ter água é preciso ter também florestas
E o que fazer diante deste quadro?
O primeiro desafio é proteger o que resta de Mata Atlântica e manter, com rigor, o monitoramento e a fiscalização dessas áreas para evitar a ocorrência de novos desmatamentos. Importante lembrar que Minas Gerais, Estado que reúne não apenas as nascentes de rios que formam o Sistema Cantareira, mas também das bacias dos rios Doce, São Francisco e Paraíba do Sul, entre outros, é o recordista do desmatamento da Mata Atlântica pelo quinto ano consecutivo, de acordo com os últimos dados do Atlas da Mata Atlântica.
O segundo ponto é promover a recuperação florestal nessas regiões, incluindo-se aqui investimentos públicos e privados para restauração florestal e programas de Pagamentos Por Serviços Ambientais (PSA) voltados aos proprietários de terras, municípios e Unidades de Conservação que as preservarem.
Com o objetivo de estimular esse esforço, a Fundação SOS Mata Atlântica lançará ainda neste mês um novo edital do programa Clickarvore, com apoio do Bradesco Cartões e Bradesco Capitalização, para a doação de 1 milhão de mudas de espécies nativas para restauração na Bacia do Cantareira. Essas mudas possibilitarão a recuperação de até 400 hectares de áreas, que por sua vez podem promover a conservação de 4 milhões de litros de água por ano. A ideia é que os projetos selecionados colaborem para conservar e proteger os recursos hídricos conectando, nessas regiões, os poucos fragmentos de mata que hoje encontram-se isolados.
Pode parecer pouco, tendo em vista o tamanho do desafio, mas é um primeiro passo para trazer de volta as florestas e a água ao Sistema Cantareira. Esperamos que essa iniciativa contribua para o fortalecimento de políticas públicas efetivas e que possa marcar o início de esforços conjuntos da sociedade, iniciativa privada e do poder público para a recuperação desse importante manancial. Afinal, a grave escassez que enfrentamos neste ano reforça a necessidade do Estado promover a proteção dos mananciais e a gestão integrada e compartilhada da água.
A restauração da cobertura florestal nas áreas de mananciais é o pontapé para a recuperação das reservas de água. No entanto, para que traga resultados efetivos, essa iniciativa  precisa ser somada a uma ação urgente e firme do Governo do Estado no sentido de implementar efetivamente instrumentos econômicos como o PSA e a cobrança pelo uso da água a todos os usuários, o que garantirá a sustentabilidade do sistema e o acesso à agua em quantidade e qualidade para a sociedade.  

*Marcia Hirota é diretora-executiva da Fundação SOS Mata Atlântica.
Recebido por e-mail do Resgato Cambuí

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

A IMPORTÂNCIA DAS ÁREAS VERDES PARA AS CIDADES


 

 

http://www.ufrpe.br/artigo_ver.php?idConteudo=1259

 

POR QUE AS ÁREAS VERDES SÃO TÃO IMPORTANTES PARA UMA CIDADE?

Isabelle Meunier*


O caput do Artigo 225 da Constituição Federal inicia-se com uma declaração fundamental: Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida. Essa frase define de forma sintética o caráter coletivo dos bens e serviços ambientais e coloca-os como um direito das pessoas, a ser defendido pelo poder público e pela coletividade.
Nos socioecossistemas urbanos, onde as condições naturais se encontram quase completamente alteradas e, na maioria das vezes, degradadas, as áreas verdes de diversas categorias representam um recurso precioso para a melhoria da qualidade ambiental. Áreas verdes não significam simplesmente espaços não construídos. Esses são denominados os espaços livres, e não necessariamente verdes. Áreas verdes também não são apenas áreas de solo não impermeabilizado. São sim espaços urbanos não construídos e devidamente protegidos, onde domina o elemento vegetal, notadamente as árvores, de forma a fornecer benefícios ambientais, sócio-culturais e até econômicos a uma cidade. 
Áreas verdes urbanas melhoram as condições microclimáticas, reduzindo os extremos de temperatura, e protegem o solo da impermeabilização, facilitando a infiltração das águas de chuva. Áreas arborizadas controlam a poluição atmosférica, tanto pela retenção de partículas sólidas quanto pela absorção de poluentes gasosos, com o gás carbônico. Não só a saúde física dos freqüentadores das áreas verdes pode ser melhorada com a prática de atividades físicas ao ar livre, como a saúde mental recebe benefícios já comprovados por pesquisas científicas. 
Estudos na França já identificaram a redução no tempo de internamento hospitalar em unidades de saúde com amplas áreas verdes e pesquisas nos EUA comprovaram a redução da violência doméstica graças ao "fortalecimento dos laços comunitários" proporcionados pelas áreas livres arborizadas em conjuntos habitacionais populares.Com uma boa diversidade de plantas que, por sua vez, se encarregam de atrair, proteger e alimentar diferentes animais, as áreas verdes urbanos são espaços privilegiados para a educação ambiental. Mesmo reduzidas e geralmente isoladas, guardam uma riqueza considerável de espécies e processos ecológicos, em plena aridez das grandes cidades.E não só isso: a cidadania ganha com a formação de pessoas que valorizam, respeitam e cuidam dos bens comuns, ao mesmo tempo em que usufruem os seus benefícios. 
A freqüência responsável às áreas verdes urbanas como praças, parques, refúgios e jardins, é uma oportunidade para o exercício de convivência solidária entre pessoas e natureza, para o estreitamento dos vínculos familiares e estabelecimento de novas relações de amizades. A simples contemplação nas áreas verdes possibilita uma experiência estética única, permitindo que se vivencie a harmonia dos elementos naturais, muitas vezes mais bela do que os artificialismos do ambiente construído. E ainda servem como experiência de vida para uma sociedade consumista que pode se surpreender ao gozar de saúde e bem-estar, generosamente ofertados pela natureza. 
A quantidade e o estado de conservação das áreas verdes de uma cidade poderiam muito bem integrar algum índice de desenvolvimento humano e social. A falta delas demonstra o descaso do poder público para com a saúde física e mental dos cidadãos, a falta de visão do futuro, a estreiteza do planejamento. O abandono das áreas verdes, transformando-as em locais de deposição de lixo e concentração de violência, também denota a fraqueza das instituições e a falta de educação, o despreparo e até o desamparo de uma sociedade. Nossas áreas verdes (ou a falta delas) refletem nossas qualidades e mazelas. Por isso a evidente necessidade e oportunidade de se estabelecer um Parque em Boa Viagem ainda gera alguma polêmica, apesar de encontrar amplo respaldo entre a população. 
A população sabe ser necessário contar com uma área verde para humanizar o convívio e melhorar as condições ambientais do bairro e ensaia uma mobilização. Por outro lado, alguns argumentos contrários parecem se delinear, sem dúvida inspirados pelo alto valor do metro quadrado na área, refletindo nossa dificuldade em priorizar o coletivo em detrimento do privado. A questão é, no fundo, moral: Criar e implementar efetivamente uma nova área verde, nessa cidade onde elas são tão raras quanto necessárias, é se comprometer com interesse coletivo, dessas e de futuras gerações, que têm direito a uma cidade habitável. 
Desconsiderar esse direito, privilegiando o interesses de alguns, é ética e ambientalmente reprovável, pois ignora a importância desses locais como bem de uso comum do povo, necessários à manutenção da qualidade de vida.Recife precisa dessa e de mais áreas verdes. Tanto quanto precisa de mais segurança, mais escolas, mais empregos e mais habitação. Todos esses são elementos para uma melhor qualidade de vida urbana e defender o meio ambiente como um direito comum não deve ser apenas uma iniciativa de militantes, mas uma obrigação do governo e da sociedade.

* Professora do Curso de Engenharia Florestal da UFRPE

Recebido do Movimento Resgate Cambuí
Foto: Vera

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

O PÓ DE FADAS DA AMAZÔNIA

 

O pó de fadas da Amazônia
O pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Antonio Nobre, revela os cinco segredos da floresta amazônica e alerta sobre o perigo de seu desmatamento
Descrição: http://ep01.epimg.net/elpais/imagenes/2014/08/14/planeta_futuro/1408010925_555437_1408642980_noticia_normal.jpg
O cientista brasileiro Antonio Nobre. / PABLO CORREA
Ele foi o primeiro a falar no III Encontro Panamazônico realizado em Lima, nos dias 6 e 7 de agosto. Tem um discurso apaixonado e uma qualidade um tanto rara para um cientista: sabe combinar dados com histórias, explicação com emoção. Antonio Nobre, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), conta nesta conversa qual é a mágica da Amazônia, em que consistem seus segredos e por que as mudanças climáticas e o desmatamento a ameaçam seriamente...
- Já estamos no ‘Dia depois de amanhã’ das mudanças climáticas? Estamos em uma situação bastante grave. A ponto de a comunidade científica, que não costuma concordar entre si, ter formado um bloco com uma convicção homogênea sobre o assunto. As mudanças climáticas não são mais só uma projeção.
- E como essa situação de gravidade se manifesta na Amazônia?No desmatamento, que remove a capacidade de a floresta se manter. Ela conseguiu se manter por milhões de anos, em condições adversas. Mas hoje sua capacidade está reduzida. Antes havia duas estações na Amazônia, a úmida e a mais úmida.
- Que eram facilmente reconhecíveis. Agora temos uma estação úmida moderada e uma estação seca. E a seca tem um efeito muito perverso. Porque quando não chove as árvores se tornam inflamáveis. O fogo entra e já não existe mais uma floresta tropical.
Os jatos verticais e o pó de fadas
- Apesar de tudo, a Amazônia ainda guarda cinco segredos. É algo que os povos indígenas sempre souberam e que a nossa civilização não percebeu. Mas, nos últimos 30 anos, a Ciência revelou esses cinco segredos. O primeiro é como a floresta Amazônia mantém a atmosfera úmida mesmo estando a 3.000 quilômetros do oceano...
- ...E fazer com a que a chuva chegue até a Patagônia. E aos Andes, por 3.000 ou quase 4.000 quilômetros. Outras partes do mundo que estão longe do oceano, como o deserto do Saara, não recebem água. Mas na América do Sul não há esse problema, e isso se deve ao primeiro segredo: os jatos de água verticais.
- E qual é o segredo desse segredo? É que as árvores da Amazônia são bombas que lançam no ar 1.000 litros de água por dia. Elas a retiram do solo, a evaporam e a transferem para a atmosfera. A floresta amazônica inteira coloca 20 bilhões de toneladas de água na atmosfera a cada dia. O rio Amazonas, o mais volumoso do mundo, joga no Atlântico 17 bilhões de toneladas de água doce no mesmo intervalo de tempo.
- É incrível. Como isso foi descoberto? Fazendo medições. Com torres de estudo, com satélites que detectavam esse transporte de vapor d’água, que é um vapor invisível.
- Produzido pelas árvores quase que por magia. A magia vem no segundo segredo. Como é possível que caia tanta chuva, se o ar da Amazônia é tão limpo, já que o tapete verde cobre o solo? O oceano também ter um ar limpo, mas não chove muito sobre ele. Nós, cientistas, desvendamos um mistério.
- Qual? Para formar uma nuvem de chuva, que são gotas de água em suspensão, é preciso transformar o vapor baixando a temperatura. Mas se você não tem uma superfície de partículas, sólida ou líquida, para gerar essas nuvens, o processo não começa.
“A floresta amazônica coloca 20.000 milhões de toneladas de água na atmosfera por dia”
- Então o que é que a floresta faz?Produz o que chamamos de pó de fadas. São gases que saem das árvores e que se oxidam na atmosfera úmida para precipitar um pó finíssimo que é muito eficiente para formar chuva.
- Parece uma fábula. É que a floresta manipula a atmosfera constantemente e produz chuvas para si própria, uma coisa quase mágica. Os gases saem das árvores. São como perfumes e se volatilizam.
- Uma espécie de grande fragrância sustentável. É um oceano verde, diferente do azul. O azul não tem esse mecanismo porque carece de árvores. Tem as algas, que produzem um pouco, mas não como o verde.
A bomba natural e os rios voadores
- Vamos ao terceiro segredo. Vamos. Na Amazônia, o ar que vem do hemisfério norte cruza do Equador, entra e vai até a Patagônia. Até lá chega esse ar úmido, que vem do Atlântico equatorial.
- Com os ventos alísios. Sim, com os ventos alísios que trouxeram as caravelas dos europeus, há 500 anos. Mas os alísios do oceano sul sopram para o norte. O que faz esses ventos irem contra a tendência de circulação global? Dois físicos russos com quem eu colaboro responderam a essa pergunta ao estudar o efeito do vapor dos jorros verticais amazônicos.
- Mais uma vez os jatos verticais. Eles descobriram que, pela física fundamental dos gases, essas condensações de vapor puxam o ar dos oceanos para dentro do continente e criam uma espécie de buraco de água. É como uma bomba natural. A floresta traz sua própria umidade do oceano.
“Onde há florestas não há seca, nem excesso de água, nem furacões, nem tornados. É como uma apólice de seguros”
- E ainda tem mais... O quarto segredo é a transferência dessa umidade amazônica para outras regiões: os Andes no Peru, os páramos da Colômbia... Se você olhar o mapa do mundo, vai descobrir que existe um cinturão úmido que passa pelo Equador, pela África e pelo sudeste asiático.
- É a linha do Equador. Sim, mas é na linha dos trópicos, o de Câncer ao norte e o de Capricórnio, ao sul, que estão todos os desertos. O do Atacama, no Chile, o da Namíbia, na África. Mas essa área que concentra 70% do PIB da América do Sul - que vai de Cuiabá a Buenos Aires, de São Paulo aos Andes – é úmida! Apesar de estar na linha dos desertos.
- E qual o mistério dessa área? Chama-se rios voadores. É uma grande massa de ar úmido bombeada pela Amazônia contra os Andes, que são uma parede de mais de 6.000 metros de altura. É assim que essa massa chega a áreas onde deveria haver deserto. Por isso chove na Bolívia e no Paraguai.
- Falta, finalmente, o quinto segredo. O quinto segredo é que, se você colocar em um gráfico todos os furacões que já aconteceram na história – e a NASA já fez isso – na região das florestas equatoriais não há nenhum deles. E essa região é a que tem mais energia porque a radiação solar é muito intensa.
“O sistema terrestre é um organismo e está muito doente"
- Deveria haver ciclones, como na Índia e no Paquistão. Eles não existem porque o topo da floresta, onde estão as copas das árvores, é áspero e faz com que os ventos sejam obrigados a dissipar sua energia, o que acalma a atmosfera.
- Mas ocorrem tempestades. Claro, mas elas não costumam ser destruidoras. Onde há florestas não há secas, nem excesso de água, nem furacões, nem tornados. É como uma apólice de seguros contra os fenômenos atmosféricos extremos.
A guerra contra a ignorância
- Agora esses cinco segredos estão em risco... O problema se chama desmatamento. Se tirarem a metade do fígado de um bêbado, vai ser difícil para ele lidar com o álcool. É isso o que está acontecendo com a Amazônia. Estamos retirando um órgão do sistema terrestre.
- Então a Amazônia não é o pulmão, mas sim o fígado do planeta?É o pulmão, o fígado, o coração... É tudo! Essa bomba natural da qual falei é um coração que pulsa constantemente. O pó de fadas também funciona como uma vassoura química contra substâncias poluentes, como o óxido de enxofre. O melhor ar é o da Amazônia.
- E, apesar disso, continuamos destruindo a floresta. Se você chega com uma motosserra, com um trator ou com fogo, a Amazônia não pode se defender. As intervenções do homem podem ser benéficas, como na medicina, mas também terríveis, como a motosserra. Por isso eu proponho um esforço de guerra.
- No que consistiria esse esforço? Seria uma concentração de forças para resolver um problema que ameaça tudo. Hoje a ciência nos permite saber que a situação é gravíssima. E o que eu proponho é lutar contra a ignorância, o principal motivo da destruição da floresta amazônica.
- Parece que as prioridades mundiais são outras. Em 2008, os bancos foram salvos em 15 dias. Foram gastos trilhões de dólares nisso. A crise financeira não é nada comparada à crise ambiental.
“A ciência hoje nos permite saber que a situação é gravíssima. Temos que lutar contra a ignorância”
- O que está acontecendo? Estamos embriagados com a civilização? É uma embriaguez primitiva. Quando você vai ao médico e ele diz que você tem uma doença em estágio avançado, o que você faz? Continua fumando? O sistema terrestre é um organismo e está muito doente. A parte contaminante é a parte mais degenerada do ser humano.
- Podemos curar a Amazônia dessa doença? Eu acredito que se tivermos uma capacidade semelhante à que tivemos para salvar os bancos, sim. Porque a floresta tem um poder de regeneração impressionante.
- E, além disso, ela deveria ser importante para todo o mundo. A atmosfera tem uma coisa chamada teleconexões. Um modelo climático pode demonstrar que as mudanças na Amazônia vão afetar os ciclones na Indonésia.
- Então, o maior segredo é acordar... E saber que o que fazemos agora é determinante. As gerações posteriores vão sofrer com as más escolhas de hoje. A geração que está na Terra hoje tem nas mãos os comandos de um trem que pode ir para o abismo ou uma oportunidade para se viver muito mais.


Recebido por e-mail de Croquis Moldura/Resgate Cambuí