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quinta-feira, 14 de novembro de 2013

ADEUS LOLA...


Segunda feira Lola, minha Labradora chocolate, completou 12 anos de idade! Estava com idade avançada, mas continuava alegre, super-carinhosa e agitada. 



Era sempre a primeira a acordar. Mal despontava o sol e clareava o dia, ela vinha até a porta-janela do meu quarto para me avisar que estava na hora de levantar. 



Sinal que ela, a irmã-gêmea Bartira e Flor estavam com fome, era hora de servir-lhes ração e frutas. Comiam sofregamente, bebiam água e depois descansavam ao sol enquanto eu preparava e tomava meu café da manhã. 

Cerca de 30-40 minutos depois saíamos para a sagrada caminhada matinal. Chovesse ou fizesse sol, saíamos para passear, correr e brincar nos gramados do condomínio. 

Esses momento de descontração faziam bem a elas e a mim, pois retornávamos cansadas mas recompensadas com as brincadeiras e correrias que elas promoviam, exigindo sempre uma dose extra de força para conter tanto entusiasmo vital...

Mas, a idade cobra seu preço e Lola desenvolveu um linfoma que começou a causar-lhe muita dor e dificuldade para levantar, andar...  Nada mais de caminhadas, correrias e brincadeiras... Segundo os veterinários, operar nessa idade não valia o risco e o sofrimento pelo qual ela teria que passar. A recomendação foi de fazer eutanásia.



Decisão cruel e difícil de ser tomada... infelizmente, irreversível. Levei-a para Valinhos para a chácara da minha irmã, onde já repousava Mel - que também morreu com câncer linfático.






Como todos(as) meus pets, Lola se foi mansamente em meus braços, acarinhada pelo forte sentimento de gratidão - pelo amor, companheirismo e alegria que ela me proporcionou em vida - e banhada em lágrimas de dor e saudades pela separação.



Lola...  

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

O DESAFIO DE ELIMINAR A FIAÇÃO AÉREA!

O desafio de eliminar a fiação aérea vale para todas as cidades brasileiras! Quando vamos ter a satisfação de ouvir que diminuímos a taxa de corrupção no país - que desvia milhões e milhões de reais dos cofres públicos que deveriam ser usados em saúde, educação, transporte, etc. - e aumentamos os investimentos nas cidades para dar mais beleza e qualidade de vida aos brasileiros que pagam uma das mais altas taxas de impostos do mundo???



03/11/2013 - 02h15
São Paulo tem desafio de eliminar a fiação aérea, como fez Paris e Nova York
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FERNANDA MENA
DE SÃO PAULO
Ouvir o texto
Se fosse São Paulo, o horizonte em que desponta a Torre Eiffel, em Paris, seria conturbado por postes e fiação elétrica, de telefones, faróis de trânsito e TVs a cabo.
Em Nova York, a fachada do Metropolitan, admirada por brasileiros em viagem de férias ou compras, perderia um tanto de sua imponência se transpassada pela fiação aérea das ruas paulistanas.
O mesmo vale para Londres, seus prédios de tijolinhos e o Big Ben.
Só que Londres tem 100% da fiação no subsolo da cidade. Paris está quase lá e Nova York tem 72% dos fios no subterrâneo --onde o vetor da mudança, feita a partir dos anos 1920, foi estético.
Já São Paulo tem só 7% dos cabos de luz, telefone e TV debaixo da terra, caso de ruas e avenidas privilegiadas como Paulista, Rebouças, Faria Lima e Oscar Freire.
Editoria de arte/Folhapress
http://f.i.uol.com.br/folha/cotidiano/images/133051494.jpeg
Para evidenciar o impacto da fiação aérea na paisagem, as imagens desta página foram alteradas em computador: a vasta coleção de fios da capital paulista foi aplicada aos cenários parisiense, londrino e nova-iorquino.
Em São Paulo, os fios disputam espaço com as árvores (e muitas vezes sucumbem a elas) e com frequência não resistem a temporais típicos de verão, deixando como rastro bairros no breu e semáforos apagados em pleno rush.
Ao longo do ano passado, os paulistanos ficaram sem energia pelo menos em quatro ocasiões, que somaram, em média, oito horas.
Um estudo encomendado pela AES Eletropaulo à consultoria McKinsey sobre a viabilidade das redes subterrâneas na cidade diagnosticou que, caso fosse substituída a rede aérea, esses quatro episódios de queda de luz cairiam para um, em média.
"Do ponto de vista técnico, faz muito sentido converter a rede de distribuição pela subterrânea, que é mais protegida e menos sujeita às intempéries", explica Gustavo Pimenta, vice-presidente financeiro da AES Eletropaulo.
Segundo ele, a alteração é um "caminho natural do desenvolvimento" que diminui o número de atendimentos emergenciais, mas aumenta o custo de cada uma das intervenções na rede.
ARTICULAÇÃO
O estudo aponta dois grandes desafios para que os fios desapareçam do panorama paulistano: definir quem paga a salgada conta e como articular, a um só tempo, a mudança das redes de outras empresas que utilizam os postes.
"Apresentamos o estudo para empresas e associações", diz Pimenta.
Questionada sobre a intenção de enterrar sua rede, a Net informou que "vem atuando em projetos de aterramento", como na Faria Lima e no largo da Batata.
A Embratel diz também participar dos projetos de conversão propostos pela prefeitura e pela Eletropaulo.
A Tim afirma estar disposta a avaliar propostas que causem "o menor impacto possível na paisagem".
A Telefônica/Vivo não quis se manifestar sobre o tema.

Colaborou ADRIANA FARIAS
Recebido por e-mail da Croquis Moldura/Resgate Cambuí

sábado, 2 de novembro de 2013

O MISTÉRIO DO INSTITUTO ROYAL

O que é o Instituto Royal?


Em artigo, o professor aposentado da Unicamp Carlos Alberto Lungarzo tenta desvendar o que faz o Instituto, quem são seus clientes, que experimentos fazia com os beagles resgatados e como garantir o avanço ético da ciência. Leia abaixo.
O Que é o Instituto Royal?
ou
Todo aquele que vive da ciência é mesmo cientista?
Por Carlos Alberto Lungarzo*
Ativistas dos direitos animais, desarmados, entraram num bunker de tortura de bichos protegido por guardas, para liberar 178 beagles, o que deve ser considerado um gesto até agora ímpar no Brasil, análogo aos feitos dos ecologistas e os pacifistas no mundo desenvolvido.
Não é por acaso que a mídia, alguns blogueiros, os profissionais da ciência e diversos membros do establishment se unificaram numa ampla perseguição contra os ativistas.
Esta é a primeira vez que uma petição no Brasil tem 660.014 assinaturas (às 11:00, 30/10) em apenas um de vários sites que acolhem o protesto.
Os especialistas em assuntos gerais dizem que o instituto era uma referência nacional. Mas, afinal, ninguém responde:
O que é o Instituto Royal?
Busca inglória
Durante décadas no Brasil, eu nunca havia ouvido falar do Instituto Royal de São Roque, SP. Envergonhado, comecei uma busca com pouco retorno, através da internet.
Encontrei o verbete “Instituto Royal” no Google, mas associado apenas a protestos contra o trato cruel de animais (desde 2012), ou, a partir do dia 18/10/13, associado com a liberação dos beagles. Não encontrei nenhum site nem página, que indicasse a estrutura, função, staff, propósitos e história do Instituto. Quase toda ONG têm pelo menos um pequeno site com todos esses dados, salvo que…
(Procure no Google a palavra “instituto”, e acrescente diversos nomes. Verá que todos os institutos têm um site com uma aparência como a deste aqui.)
O único que encontrei foi uma página de 23 linhas, criada nas coxas e claramente às pressas pouco após a libertação dos cachorrinhos, explicando, superficialmente e sem dados, que o Royal era muito bom e tudo estava nos conformes. Obviamente, essa “informação” só serviu para aumentar as suspeitas.
A maior dúvida era que tipo de coisa era o Royal:
Um instituto dentro de uma estrutura pública, por exemplo, da USP? Ou um instituto dentro de uma estrutura privada, por exemplo, da PUC? Um instituto federal, como o IMPA? Ou Estadual como o BUTANTÃ? Ou Privado como o ETHOS? …. Uma empresa com fins lucrativos? Uma ONG?
Alguém me disse que era uma OSCIP e procurei nos Registros de domínios da Internet. As OSCIPS são um tipo de Organizações semelhantes as ONGs, mas que podem ter parceria com o poder público, e gozam de muitos direitos e outros tantos deveres, alguns dos quais nem sempre são bem usados.Vide.
Eis o que achei no Registro.br
Domínio: institutoroyal.org.br
Servidor DNS: ns11.srv22.netme.com.br
Servidor DNS: ns12.srv22.netme.com.br
Expiração: 2014-07-02
Status: Publicado
domínio: institutoroyal.org.br
titular: Inst. de Ed. p/ Pesq. e Desenv. Inov. tec. Royal
documento: 007.196.513/0001-69
responsável: Silvia Ortiz
país: BR
c-titular: INROY
c-admin: INROY
c-técnico: INROY
c-cobrança: INROY
servidor DNS: ns11.srv22.netme.com.br
status DNS: 29/10/2013 AA
último AA: 29/10/2013
servidor DNS: ns12.srv22.netme.com.br
status DNS: 29/10/2013 AA
último AA: 29/10/2013
criado: 02/07/2009 #5725335
expiração: 02/07/2014
alterado: 25/10/2013
status: publicado
Contato (ID): INROY
nome: Instituto Royal
e-mail: royalinstituto@gmail.com
criado: 25/10/2013
alterado: 25/10/2013
O problema continua. Onde a gente encontra tudo isto: o histórico “científico” do Royal, seus protocolos experimentais, a lista de seus colaboradores e clientes, os produtos realmente aplicáveis que foram viáveis graças a seus testes, os registros de suas experiências longitudinais, etc.
Aliás, é o Royal conhecido no exterior? Qualquer Instituição Brasileira respeitável é conhecida em todo Ocidente, pelo menos, pelos especialistas. Esta pergunta é relevante, porque nem organizações radicais de defesa dos animais, como PETA (vide), incluem o Royal na sua lista de desafetos. Ou seja, para os ecologistas, Royal nem merece aparecer na lista dos vilões.
Formulo em minha própria linguagem uma pergunta que já fez a batalhadora atriz Luisa Mell: Por que ninguém, salvo as elites e as forças repressivas, consegue entrar nesse maravilhoso instituto? (Veja o blog de Luisa aqui).
Aliás, o Royal obteve seu credenciamento pelo CONCEA (Conselho Nacional de Controle da Experimentação Animal) somente em 2013, mais precisamente há poucas semanas. O Deputado Estadual por São Paulo, Fernando Capez fez notar, num incisivo e emocionante discurso na ALESP que, sendo assim, nos anos anteriores de funcionamento as experiências não eram supervisionadas. Mas as coisas estranhas continuam: Em 2012, apesar disso, o Royal recebeu oficialmente R$ 5.249.498,52. Para quê? O lugar onde está instalado o Royal foi declarado para funcionar como canil. (Vide). Estranho, se até poucas semanas atrás a finalidade era outra e não havia fiscalização do CONCEA, então os testes e as torturas de animais poderiam ser aplicados sem qualquer protocolo a verificar.
De acordo com as generosas regras, uma Oscip tem cinco anos para se credenciar. Então, o Royal não estava em infração de acordo com a lei. Mas, seus trabalhos começaram, dizem, em 2005. Então, como é possível que as autoridades do Royal digam ao jornal O Estado de São Paulo, que os ativistas defensores dos animais “fizeram perder 10 anos de pesquisa”? (vide, 2º par.)
Isto significa que, nos primeiros 5 desses 10 anos, o patrimônio genético coletado estava em outros institutos e foi transferido ao criar o Royal, ou que foi acumulado por pesquisadores individuais ou pequenos grupos que se uniram para formar o Royal, ou alguma outra coisa igualmente espúria.
(Foto: Divulgação)
(Foto: Divulgação)
Intermezzo: Ciência e Ética
A ofensiva dos mercadores de animais para tortura tem atraído o mais sujo e infame da mídia, como a famosa revista subvencionada por racistas sul-africanos. Esta, em maior medida, mas também outras, aparentemente menos rasteiras, fazem gozação dos argumentos dos defensores de animais (DA, doravante) como: “Você nunca deu um remédio a seu filho doente? Ele foi testado em animais.” Estas insanidades confundem os leigos, que passam a ter um ódio irracional pelos ativistas, mas a motivação é apenas sede de lucro.
Cuidado! Muitos defensores de animais, especialmente líderes, aconselham calma e mesura aos seus colegas em suas ações, porque a comunidade científica está quase totalmente contra os ativistas. E como se pode pensar que a ciência, que foi a arma maior da racionalidade contra a superstição e o preconceito, possa incorrer nas mesmas provocações? Por exemplo, o ministro de Ciência, Marco A. Raupp, doutorado na University of Chicago sob a orientação de Jim Douglas Jr. com uma tese sobre métodos de Galerkin, uma tese séria, diz coisas como “isto se faz em todo o mundo, não apenas no Brasil”. Isso é um argumento próprio, ou melhor, suficiente para um matemático?
Bom, os DA’s, mas especialmente os de esquerda, como em meu caso (há DA’s de diversos estilos: religiosos, apolíticos e até de direita, como Brigitte Bardot), devemos nos confrontar com uma nova massa poderosa, além dos que têm as armas, o poder institucional e o dinheiro, agora aparecem os cientistas. Nossa! Um caso para que Clark Kent se transforme em Super Homem.
Mas, as coisas não são assim tão lineares. A relação entre ciência e sociedade é um problema complexo que têm séculos de história, começando com o confronto de Marx e Engels com os positivistas e malthusianos. Podemos, pelo menos, fazer uma observação geral até retomar a questão em outro texto.
O que hoje se chama “ciência” (chamada até 1844 Filosofia Natural, quando Wheeler aplicou a ela o termo science) foi filha da velha filosofia especulativa, cujos mitos e divagações combateu desde a época antiga (Epicúreos contra os dogmas Aristotélicos) e a época medieval (Escola de Oxford contra as invencionices de Santo Tomás), até crescer e poder prescindir totalmente da filosofia especulativa, com Galileu, Newton e a brilhante era da razão dos séculos 17 e 18. Quando Newton inicia seus Princípios Matemáticos da Philosophia Natural, deixa claro: a física (filosofia natural) se ocupa da matéria.
Ora, se a ciência está fundada sobre o empirismo e o racionalismo em ação conjunta, como é possível que a grande massa dos cientistas esteja equivocada? Esse é o ponto.
Os cientistas não estão equivocados. Mas nós devemos diferenciar entre racionalidade científica e racionalidade ética. Quando estas estiverem integradas o mundo será uma maravilha, agora podemos reconhecer essa integração nas obras de algumas poucas figuras brilhantes da história da ciência do século XX como Bertrand Russell, Linus Pauling, Noam Chomsky… e muitos seguidores desconhecidos.
Muitas pessoas bem intencionadas, mas que desconhecem o ventre do mundo científico, confundem um fato absolutamente verdadeiro: (a) A ciência é a única forma de conhecimento objetiva, justificável, sistemática, aproximadamente explicativa, e produtora de enunciados crescentemente confirmáveis; com um falso: (b) Os cientistas são atores sociais que usam esse conhecimento para bem do mundo, de maneira ética e generosa.
Esta fábula pintada em (b), minha geração leu quando criança nos livros da moral oficial, mas basta chegar a adolescência para saber que não é assim a coisa real. As provas são esmagadoras: Alguém duvida que o 3º Reich teve de seu lado não apenas engenheiros, médicos e tecnocratas, mas também grandes cientistas, físicos, químicos e biólogos? Quantos prêmios Nobel em física trabalham na produção de bombas atômicas? Seria possível a Guerra química sem especialistas na área? Quantos prêmios Nobel americanos trabalham para o Pentágono, para a NSA, para a CIA? Quantos químicos e biólogos se especializam em drogas usadas em tortura?
A ciência é, grosseiramente falando, um conhecimento verdadeiro. Saber a verdade permite a você gerar ações com alta probabilidade de sucesso. Essas ações, porém, não têm moral própria. É o ator social que as dota de moral. Uma mesma teoria pode servir para construir um mundo melhor, ou para enriquecer donos de laboratórios, fabricantes de armas, exércitos, vigaristas e genocidas.
Então, os cientistas com ética pragmática não são inimigos novos. Eles são apenas executores, numa área da sociedade, dos interesses dos antigos inimigos: os grandes grupos econômicos.
Este foi um intermezzo. Volto ao Instituto Royal.
Dramatis Personae
No rodapé da página que o Royal colocou na Internet institutoroyal.org.br, há um link que promete mais informação. Clicando, aparece um vídeo onde uma senhora fala das virtudes do Royal e da malignidade dos invasores.
Essa senhora é mencionada pela mídia como Silvia Ortiz, mas também aparece em alguns outros lados como Sílvia Barreto Ortiz.
No único lugar onde existem dados que podem dar um perfil de Ortiz é na biblioteca da UNICAMP onde aparece sua dissertação de mestrado. Aí, ela está inscrita como:  Silvia Colletta Barreto da Costa Ortiz.
Mas, seu nome não aparece na plataforma de currículos Lattes. Nesta plataforma, mais de um milhão de pessoas vinculadas com o mundo da ciência inscrevem seus currículos. Qualquer pessoa interessada em atuar na área científica pode fazer isso: doutores, mestres, graduados, estudantes, técnicos, até autodidatas.
Procurando no buscador do Google, encontrei 34 referências a Silva Barreto Ortiz, a maioria vinculada com o incidente dos Beagles. Veja aqui. Nunca vi um cientista, mesmo jovem, ter menos de um milhar de referências. Poderia supor-se que Ortiz tem algum interesse em passar despercebida.
Mas, ela aparece sim no depósito virtual de dissertações e teses da UNICAMP. Este é um procedimento padrão da Universidade, e não depende da vontade do autor. Em 02-12-1996, defendeu uma dissertação de mestrado no Programa de Genética e Biologia Molecular.
Nesse acervo (vide) a busca devolve apenas um resultado, que é uma dissertação de mestrado orientada por Julia K. Sakurada. A dissertação pode ser baixada por qualquer pessoa que preencha um breve cadastro no mesmo site. O trabalho estuda os aspectos genéticos da resistência de camundongos a certo agente patógeno. A dissertação confirma afirmações feitas por Ortiz nos últimos dias sobre a necessidade de usar animais saudáveis em experimentação, para evitar contaminação. Seu mestrado parece atentar à criação de um biotério de animais sãos, como sua atual atividade na USP confirma. Nesta universidade, Ortiz aparece como diretora dos biotérios, mas não temos encontrado nenhum dado relativo a seu doutorado.
No site do Institut Pasteur, de Paris (vide), encontramos 81 referências a “Ortiz”, mas todas elas se referem a pessoas com nomes diferentes de “Silvia” ou qualquer outro da gerente do Royal. Doutorado não significa sabedoria, muito menos ética, mas fico intrigado por saber onde Ortiz fez o seu. Fez?
Silvia Barreto Ortiz é também presidente do COBEA (Colégio Brasileiro de Experimentação Animal). O colégio aparece em seu estatuto (vide) como uma “sociedade civil, de caráter científico cultural, sem fins lucrativos”. Segundo isso, se sustenta com as mensalidades dos sócios.
Não apenas animal testing
O fato de que Ortiz estivesse vinculada à Unicamp e a USP foi usado como uma credencial de virtude por parte de cientistas e comunicadores. Não pode criticar-se esta adoração quase religiosa pelas pessoas instruídas (que raramente se vê em outros países) numa sociedade onde até ter uma escola primária de mínima qualidade é um grande privilégio, e onde as grandes universidades, especialmente as paulistas, se gabam de seu ranço elitista.
Contudo, apesar de estar num dos setores com menos demanda por parte do capitalismo (lógica matemática e história da ciência), nos 19 anos na Unicamp pude perceber que era difícil encontrar algum colega do campus que não fizesse parte de um convênio, ou tivesse uma consultoria paga através de fundações da mesma universidade, ou super pusesse mais de uma dedicação “exclusiva”, ou que não desse prioridade a seu consultório, escritório, empresa de planejamento ou assessoria, e assim em diante, sem faltar o caso de acúmulo de salários de dois países, embora esses casos fossem raros.
Mas, também a Unicamp tem um histórico sobre experimentação animal muito especial. Pelo menos no único caso que foi divulgado, usaram-se membros da espécie homo sapiens para experimentos com anticoncepcionais Norplant, que produziram danos catastróficos dos quais ninguém foi responsabilizado.
Não é possível dar referências on-line, porque os sites que denunciaram o caso foram desativados pouco depois, por causa de ordens de ninguém-sabe-quem. Era o período entre 1985 e 1993, e a Unicamp coordenou uma ação da qual umas vinte universidades brasileiras se tornaram cúmplices.
A médica Giselle Israel e a socióloga Solange Dacach se arriscaram a fazer uma detalhada pesquisa num universo de 3.544 mulheres das favelas do Rio de Janeiro, até onde os experimentadores chegaram com suas amostras de Norplant. O trabalho das denunciantes foi publicado no Brasil, mas anos depois saiu de circulação. Finalmente, o livro foi publicado em Texas. O leitor encontra uma versão no setor Google books, aqui:
The Norplant Routes-Detours of Contraconception.
Os experimentos em mulheres, pobres e afrodescendentes em sua maioria, foram feitas no Brasil, pois na Finlândia, pátria da matriz, bem como em outros países, as leis proibiam a experimentação em humanos, salvo no caso de voluntários. No caso em apreço, as mulheres nem sabiam exatamente o que estavam recebendo.
A droga não apenas barrou a concepção, como também deixou muitas mulheres estéreis. Além disso, as vítimas sofreram cefaleias (26%), agitação, ansiedade, confusão e agressividade (20%), obesidade (18%) e uns 10% de cistos, queda do cabelo, lesões ao útero e infecções.
Mesmo assim, o coordenador do experimento da Unicamp, o ginecologista LB, afirmava que o Norplant era totalmente confiável.
Nosso atual ministro de ciência talvez teria dito: “Por que tanto alvoroço? Não somos os únicos em fazer experimentos.” Com efeito, o Norplant foi experimentado em 24 países, míseros quintais do 3º mundo habitados por pessoas esfomeadas e marginalizadas, e alguns deles governados por ditaduras.
Não é raro, então, que os cientistas apoiem sem qualquer restrição experiências em animais não humanos, sendo que os experimentos com humanos só podem ser feitos em lugares muito afastados e discretos e isso custa dinheiro.
Quem tem possibilidade de fazer pesquisa de arquivos de jornais, pode ler a reportagem do Jornal do Brasil, caso a página não tenha sido censurada.
LEAL, L. N. Entrevista com Marinete Souza de Farias. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 18 de maio 1997.
Algumas pessoas talvez ainda guardem o livro original
ISRAEL, G; DACACH, S. As rotas do Norplant: desvios da contracepção. Rio de Janeiro: Redeh, 1993.
Na busca que fiz com os indicadores “silvia ortiz” e os expandidos “silvia barreto…”, com ou sem acento, seu currículo não é encontrado. Se quiser experimentar por sua conta, procure “cnpq”. Todo cientista tem interesse em figurar no Lattes, inclusive aqueles que abandonam definitivamente a ciência. Meu currículo, desatualizado, é claro, ainda se conserva após de 7 anos de aposentado da vida científica.
O mistério do Royal
É óbvio que o Royal e seu staff estão tentando se esconder, e isso parece ter sido sua atitude desde o começo. As hipóteses sobre as causas deste mistério podem ser várias, mas todas são da mesma índole.
A “fabricação” de animais sãos, para serem alvo de experimentos e depois descartados, deve ter parecido um negócio original e graúdo aos misteriosos e anônimos fundadores do Royal. Com efeito, tendo como padrão de comparação o trato dos doentes pobres nos hospitais, é evidente que os animais usados em experimentação deviam estar eivados de diversas pestes, e os efeitos neles não poderiam ser apreciados. Então, uma ideia brilhante: laboratórios estrangeiros pagariam muito bem por experimentos feitos em animais saudáveis.
Ora, sendo que o Brasil não assina quase nenhum acordo internacional sobre proteção aos animais e os poucos que por ventura tenha assinado não respeita, esse mistério não seria necessário. Mas há outras razões; algumas são mais sociais, outras mais econômicas.
Uma razão é que o povo brasileiro, com seu singular naturalismo e sua sensibilidade com os animais, promoveria, como aconteceu neste caso, uma reação muito grande se todas as atrocidades ficassem óbvias como estas.
Mas, a quem beneficiam estes atos de sadismo na experimentação com animais?
Se descartarmos as disfunções psiquiátricas de alguns pesquisadores (Vide) fica o grande negócio da produção de animais para experimentos tortuosos.
Com efeito, a realização de numerosos experimentos cruéis onde se mutilam, esquartejam, cegam, queimam e matam milhares de animais, diminui as despesas dos laboratórios, pois é menos caro que experimentos in silico (simulação com computador) ou in vitro (ensaio com culturas).
Estas duas são formas que, combinadas com experimentações reversíveis e indolores em animais não humanos e em voluntários humanos, substituiriam totalmente a prática atual de tortura e extermínio massivo de bichos.
Por sinal, os argumentos que pretendem que as culturas também exigem experimentação animal são falaciosos. O soro fetal bovino usado em muitas culturas, pode ser extraído mediante uma cirurgia com anestesia. Isto se faz com cavalos de raça e touros reprodutores, cuja saúde é cuidada pelos veterinários dos magnatas muito mais que a de qualquer humano. Quanto à extração do feto sob anestesia é, simplesmente, um aborto. Sendo o aborto aceitável em humanos, por que não seria em animais?
Imagino que os principais clientes sejam laboratórios estrangeiros, sendo que, qualquer que seja o grau de civilização de um país, os capitalistas preferem dinheiro e não direitos, sejam animais ou humanos.
Neste sentido, em muitos países de Europa, e inclusive nos EUA, há restrições para o uso de animais em experimentos. O Animal Welfare Act (Laboratory Animal Welfare Act of 1966, P.L. 89-544) restringe o uso de animais de sangue quente, salvo algumas espécies de ratos.
Obviamente, proíbe totalmente a tortura de bichos domésticos, especialmente gatos e cães, que não podem ser utilizados mesmo mortos, por causa da dificuldade para saber de que maneira morreram.
A União Europeia possui diversas restrições de acordo com o país, mas o testing ban de cosméticos é válido em todos eles (vide). É muito provável que o Royal tenha nesses laboratórios de cosméticos, bem como nos dos produtos de limpeza, seus principais fãs. Um especialista não identificado que colaborou no exame dos beagles teria dito que as raspagens de pele em frio era típica de experimentos com cosméticos.
Se os ativistas se informam o suficiente com cientistas sensíveis (que existem) e pressionam seus parlamentares, poderão conseguir que o Instituto seja desativado, e seus responsáveis indiciados por crimes ambientais. É possível que haja pessoas que sabem exatamente o que acontece no Royal, e que, se lhes fosse dada proteção, talvez falassem. Essa é a esperança. E permitirá um grande avanço ético na ciência.
Carlos Alberto Lungarzo é matemático, nascido na Argentina, e mora no Brasil desde sua graduação. É professor aposentado da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), São Paulo, e milita em Anistia Internacional. Tem escritos vários livros e artigos sobre lógica, estatística e computação quântica, mas seu interesse tem sido sempre os direitos humanos.
Fontes: Revista Fórum
ANDA Agência de Notícias de Direitos Animais




quinta-feira, 31 de outubro de 2013

VOZES DO SILÊNCIO - CULTURA CIENTÍFICA: IDEOLOGIA E ALIENAÇÃO NO DISCURSO SOBRE VIVISSECAÇÃO

Olhar Animal 
14:07 (36 minutos atrás)
para E-grupoOlhar
Olá, internautas

Em 2008, quando eu ainda atuava no Instituto Nina Rosa (INR), pude 
participar da produção desta importante obra sobreexperimentação 
animal, que trata do comportamento de estudantes e professores que 
praticam vivissecção.

Neste momento, em que o tema se torna pauta nacional, é fundamental 
fazer circular toda informação disponível contra a prática moralmente 
indefensável da vivissecção, cristalizada pela falta de reflexão ética e 
pela acomodação de interesses. Atento a isto, o Instituto Nina Rosa 
tornou pública a ÍNTEGRA da obra, formato em PDF, que segue em 
ANEXO.

Nossas saudações ao autor, João Epifânio Regis Lima, pela obra e 
pela liberação para a livre divulgação. E à Nina Rosa, por produzir e 
desprendidamente divulgar este material, ela que sequer indicou em 
sua mensagem que, quem preferir ter um exemplar do LIVRO 
(e não apenas o PDF), pode adquiri-lo no site do Guia Vegano 
para a continuidade do trabalho do INR. Faço eu o registro.

Maurício Varallo
Olhar Animal



Amigo dos animais,

neste momento em que felizmente a sociedade manifesta interesse 
em abrir suas mentes e corações para a cruel realidade dos animais 
explorados pela ciência, liberamos o conteúdo deste livro, com a 
total concordância do autor.
Desejamos a todos que as informações nele contidas possam ser 
assimiladas e multiplicadas para todos os consumidores brasileiros.

Nina Rosa


Versão em PDF - Anexo

Este livro traz o texto integral, revisto e atualizado, da 
dissertação de Mestrado intitulada Vozes do Silêncio - 
Cultura científica: ideologia e alienação no discurso 
sobre vivissecção, defendida por João Epifânio Regis 
Lima no Instituto de Psicologia da Universidade de São 
Paulo em 1995. O texto verifica as suposições e questões 
levantadas durante o percurso acadêmico do autor em 
seu curso de graduação em Ciências Biológicas na USP, 
referindo-se ao comportamento acrítico, natural e 
espontâneo dos estudantes e professores desse curso, 
envolvidos em suas pesquisas, diante da prática da 
vivissecção (experimentação com animais), que atingia, 
em várias ocasiões, dimensão de crueldade e violência.

Em depoimentos colhidos de universitários, professores, 
pesquisadores e outros profissionais envolvidos com a 
vivissecção, o autor identifica elementos ideológicos de 
caráter cientificista, tecnicista, mecanicista e especista, 
que são analisados à luz de Habermas, Adorno e 
Horkheimer. A esse macrocontexto geral fornecido pelos 
teóricos de Frankfurt é acrescida, como microcontexto, a 
álgebra social de Heider e Festinger para entender a 
dinâmica psicológica em jogo na situação concreta 
particular em que o aluno está efetivamente realizando 
um experimento com animais. O caráter monolítico, 
unidimensional, acrítico e alienado dos discursos aponta 
a vivissecção como prática inercial e tradicional, além de 
parte integrante, tida como indispensável, do paradigma 
moderno das ciências biológicas. Vista como mal necessário, 
a prática da vivissecção cega cientistas e educadores para 
a busca de métodos alternativos ou substitutivos. Com ela 
ficam ciência e homem empobrecidos.
Recebido por e-mail

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

O BOLSA FAMÍLIA E A SOCIAL-DEMOCRACIA

Mario Magalhães
( O blog agora está no Facebook e no Twitter )
Sim, eu já sabia que o Bolsa Família nem cosquinha faz nos interesses essenciais dos poucos que muito têm no Brasil, um dos países com desigualdade mais depravada no planeta.
Assim como tinha consciência de que só a combinação indecorosa de estupidez com egoísmo é capaz de se opor a um programa que permite a milhões de brasileiros não padecerem de desnutrição ou mesmo morrerem de fome.
Aprendi muito mais, ao ler as 157 páginas de “O Bolsa Família e a social-democracia”, livro da jornalista Débora Thomé que a Editora FGV apresenta pelo selo FGV de Bolso, na Série Sociedade e Cultura.
O lançamento no Rio será nesta terça-feira, 29 de outubro, a partir das 19h, na Livraria Prefácio (rua Voluntários da Pátria, 39, bairro de Botafogo).
A obra se beneficia da tabelinha entre o rigor acadêmico e a prosa escorreita da jornalista versada em assuntos econômicos. Fundamenta-se na dissertação de mestrado da autora no Instituto de Estudos Sociais e Políticos, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Ajuda a compreender por que a presidente Dilma Rousseff se reelegeria hoje em primeiro turno, em um confronto com Aécio Neves e Eduardo Campos. Radiografa o impacto social do Bolsa Família, cujo êxito alimenta estômagos e colhe votos.
Débora Thomé conta que, de 2001 a 2009, a taxa de pobreza no país despencou de 35,2% para 21,4%. A da extrema pobreza, para menos da metade, de 15,3% para 7,3%. O programa de transferência de renda contribuiu para a queda, bem como o aumento real do salário mínimo em 53%, nos oito anos de Lula no Planalto (2003-2010).
O fenômeno ultrapassa fronteiras. Citando outros pesquisadores, o livro informa que no período 2003-2006, em nações sul-americanas, “os índices de pobreza e extrema pobreza e de desigualdade caíram três vezes mais rápido nos países governados pela esquerda do que nos países governados por partidos de outras correntes políticas”.
Cá comigo, contemplo o Brasil: se um naco substancial dos lucros recordes dos bancos, auferidos com benesses e patrimônio do Estado, tivesse sido empregado em programas sociais, nosso progresso teria sido muito maior. As estimativas sobre o custo/investimento do Bolsa Família, em relação ao produto interno bruto, variam de 0,37% em 2009 a 0,41% em 2012.
Em 2004, as famílias atendidas eram 6,6 milhões. Em 2013, somam 13,8 milhões, aproximadamente 27% da população ou ao menos 50 milhões de bocas. Em Estados como o Maranhão de José Sarney e as Alagoas de Fernando Collor, o programa ampara mais da metade dos habitantes.
Um dos mitos triturados por Débora Thomé costuma ser alardeado por quem, ao contrário dos inscritos no Bolsa Família, tem como comer até se empanturrar: o programa que paga no máximo R$ 306 mensais a uma família incentivaria o ócio e a vagabundagem _ou o “efeito preguiça”, na expressão elegante da autora. Nenhum indicador sugere que o preconceito pantagruélico encontre lastro na realidade.
A União não entrega o dinheiro às mães e sai de cena. O Bolsa Família é classificado como programa de transferência condicionada. Ou seja, impõe condições aos favorecidos. Exige frequência escolar de no mínimo 85% para jovens de seis a 15 anos. E de 75%, para a faixa de 16 e 17. Dá o que comer agora, mas mira o futuro, buscando incrementar a escolaridade. As crianças têm de ser vacinadas, e as mulheres precisam se submeter ao acompanhamento pré-natal.
Para sorte dos leitores, “O Bolsa Família e a social-democracia” não oferece um painel unilateral simpático ao programa. Identifica limitações e compartilha as críticas mais consistentes ao projeto.
Assinala que, nascido em 2003, no governo Luiz Inácio Lula da Silva, o Bolsa Família unificou programas anteriores, a maioria desenvolvida ainda na gestão Fernando Henrique Cardoso. Curiosidade: a jornalista-cientista política exumou a plataforma do candidato FHC em 1994 e descobriu que “as questões de pobreza e fome apareciam no programa como um subitem no capítulo que abordava a relação entre Estado e sociedade”. Trocando em miúdos, o futuro presidente se preocupava com outras prioridades. Na campanha da reeleição, o combate à miséria, antes coadjuvante, virou protagonista.
Outro mérito do ótimo livro é contextualizar o Bolsa Família em um cenário sul-americano de rejeição popular a políticas neoliberais mais acintosas e de eleição de governantes de centro-esquerda ou esquerda.
Débora Thomé classifica o Bolsa Família como “uma política pública da social-democracia”. E aponta semelhanças com os valores do Estado de bem-estar europeu erguido no século XX, hoje ameaçado _a observação é minha_ também por governos comandados por agremiações social-democratas cansadas de guerra.
É impossível entender o Brasil de hoje ignorando o Bolsa Família, para o bem (melhorar a vida dos mais pobres) e para o mal (país ainda campeão em desigualdade). O novo livro deixa isso claro.