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terça-feira, 13 de novembro de 2012

A CASA DA ÁRVORE...



A vida sobre uma árvore em plena 23 de Maio

Com pedaços de madeira, plástico e cobertores, morador de rua fez lar em cima de uma figueira

12 de novembro de 2012 | 18h 52
Juliana Deodoro

Quando era criança, o sonho de Diego Ribeiro de Souza, de 26 anos, era ter uma casa na árvore. Nascido em Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo, ele foi criado pela avó até os 14 anos e, quando ela faleceu, foi morar na rua. "Eu a chamava de mãe. Depois que ela morreu, meus tios me maltratavam e fugi de casa." Desde então, o único teto sob o qual morou foi o que construiu entre os galhos de uma figueira branca centenária na Avenida 23 de Maio, região central da capital.

A "casa" é pequena: a base, formada por pedaços de madeira e sustentada por ripas, tem pouco mais de um metro de largura por dois de comprimento. As paredes são de cobertores e o teto, de plástico. Diego conta que a moradia - a segunda no mesmo local - ainda é precária, muito diferente da casa que havia construído há mais de dois anos e foi destruída por funcionários da Prefeitura. "Na antiga, tinha uma parede de madeira que deixava ela fechadinha. Pintei tudo de verde e, se você olhava de longe, não percebia que a casa estava entre as folhas", conta.

Além dos dois troncos que sustentam a base, galhos mais finos servem para amarrar os cobertores e pendurar roupas e objetos pessoais. Apesar do armário improvisado, sempre que sai, leva todos os seus pertences na mochila: sabonete, xampu, escova de dente, desodorante, cigarro, isqueiro, escova para lavar roupa e camisinha.

Os motivos para estar ali são simples: "Aqui me protejo da polícia, dos noias e de outros moradores de rua. Era meu sonho mesmo ter uma casa na árvore. Tem dia em que sento ali em cima e viajo... a 23 de Maio subindo e descendo." Outra razão é de ordem prática: há duas bicas de água limpa, nascente e corrente por perto, uma de cada lado da avenida. Ele diz que o barulho do trânsito não o incomoda - "Vira até sinfonia" -, mas seu momento preferido é de madrugada. "É a única hora de silêncio."
Há duas semanas, Diego recebeu uma proposta indecorosa. "Queriam comprar a casa por R$ 500. Fiquei quase ofendido. Para começar, esse aqui é um espaço da Prefeitura. E outra: é a minha casa, não posso vender."

Seus planos para o futuro são modestos. Diego deseja apenas tirar seus documentos e arrumar a casinha, quem sabe ter uma televisão e um fogareiro. "Seria muito bom ter casa própria, mas fui para a rua muito cedo e gosto tanto daqui, não quero sair. Olha essa vista! Todo dia agradeço a Deus por essa árvore", diz, olhando do alto, entre as folhas, para a avenida.

Recebido por e-mail do Movimento Resgate Cambuí

domingo, 4 de novembro de 2012

MUDANÇA DE PARADIGMA AMBIENTAL


Foto Vera

Duas colunas publicadas no Correio Popular desse final de semana nos alertam para a necessidade de mudança de paradigma. Uma sociedade evoluída e auto-sustentável, valoriza de forma igualitária todos os seres vivos do planeta. Com planejamento, organização, sensibilidade e respeito pela vida podemos fazer desse mundo um lugar aprazível e com ótima qualidade de vida para todos. Vamos nos respeitar enquanto humanos, aprendendo a respeitar a demais formas de vida que Deus colocou nesse nosso mundo maravilhoso! 
Correio Popular 03/11/12 - Nova gestão, ambiente e árvores - JOSÉ HAMILTON DE AGUIRRE JUNIOR -  jhaguirr@gmail.com 
Findada a disputa eleitoral, elegeu-se, soberanamente, o próximo representante do paço municipal campineiro. união proativa dos diversos segmentos sociais se faz mister, após uma sequência de prefeitos que não cumpriram o seu papel. As consequências prejudiciais da última gestão continuarão por muito tempo, inclusive, no aspecto ambiental.
A sustentabilidade e a qualidade de vida dos cidadãos são princípios para a reconstrução de Campinas. Investimentos em planejamento da cidade priorizando a arborização urbana, parques e areas de lazer públicos, a recuperação de áreas degradadas e de preservação permanente, o saneamento básico e a educação ambiental têm reflexos transformadores, virtuosos e econômicos. Árvores nas calçadas refletem em saúde, ao umidificarem o ar que respiramos, ao sombrearem, absorverem e barrarem a poluição.
Elas conservam o asfalto, reduzem enchentes e estabilizam o clima urbano; com elas, gastamos menos energia, vivendo melhor. Uma cidade verde e planejada é bela aos olhos de todos. Compõe-se um grande local de bem-estar e de autoestima, atrativo. Valorizam-se imóveis e geram-se localidades aprazíveis para se morar, conviver e desfrutar.
O prefeito eleito possui uma possibilidade ímpar de transformar o paradigma vigente, tratando de maneira positiva as árvores campineiras. A sociedade civil, organizações não governamentais, técnicos de diversos segmentos, empresas, prestadores de serviço, cidadãos em geral e conselhos municipais; trabalhadores, voluntários e abnegados desejamos uma cidade melhor. Árvores próximas à população, bem cuidadas, são eficientes sustentáculos dessa transformação.
Uma gestão pública afirmativa, protagonista neste quesito, deve promover o desenvolvimento de um plano de arborização, advindo de um programa de necessidades. Um amplo contrato deve garantir o sucesso do mesmo, ao envolver os diversos atores sociais.
Dois trabalhos científicos caracterizam a arborização urbana de Campinas.Um publicado em 2008, pela Universidade de São Paulo, registrou no Bairro Cambuí uma carência de 6.200 árvores em seus passeios. Recente estudo da Embrapa estima o déficit arbóreo urbano municipal em 365 mil exemplares. A carência arbórea campineira, bem como a de áreas verdes, afeta, negativamente, a vida de todos.
O prêmio RAC-Sanasa destaca, anualmente, exemplos socioambientais, de buscas da reversão deste cenário desolador. O Movimento Pró Parque de Barão Geraldo obteve medalha de bronze em 2012, ao fomentar a criação de um novo parque e a preservação, como patrimônio coletivo, de uma área de inestimável valor histórico, ambiental e cênico; o Projeto Viveiros Educadores, participante do concurso neste corrente ano, envolve a produção de mudas arbóreas e a educação socioambiental e cidadã, capacitando agentes multiplicadores.
O projeto Cambuí Verde, candidato em 2009 é um plano técnico pautado em ações comunitárias de plantio. Ele completará nesta semana 260 novas árvores nas calçadas do bairro Cambuí, o que já altera a realidade local. Propostas como essas atraem parceiros e interessados na transformação de Campinas. A CPFL, a Sanasa, a Comgás, empresas, escolas, associações de bairro e de moradores, órgãos de pesquisa, universidades, organizações governamentais e não governamentais são bem-vindos e necessários na construção dessa cidade nova. A rede de arborização é essencial para a urbes, assim como a de energia, água, esgoto e gás.
Um plano de arborização eficiente, de longo prazo, composto por um arcabouço técnico, legal e popular, construído para a coletividade, promoveria uma grande revolução, valorizando os benefícios das árvores. A prosperidade econômica sustentável alicerçada pelo elemento vegetal mudará procedimentos e atitudes, a economia e a sociedade de Campinas. Nosso novo prefeito, aliando-se a um quadro técnico capacitado e em condições de operação, poderá resgatar a cultura das árvores, promovendo a reviravolta socioambiental de base ampla que necessitamos.
José Hamilton de Aguirre Junior é
engenheiro florestal, especialista em Meio
Ambiente e Sustentabilidade, mestre em
Arborização Urbana

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Aves no ar
José Salomão Fernandes
Ambientalista, Campinas
Santos Dumont tinha razão quando se suicidou por ter inventado o avião. Essa máquina maléfica, além de matar nas guerras e fazer vítimas nos acidentes aéreos, agora vai patrocinar o extermínio de animais inocentes, principalmente aves, que vivem nos arredores dos aeroportos. A Lei Federal 12.725/12 veio permitir essa barbaridade, inclusive com a destruição de ninhos contendo ovos e filhotes. E pior, os congressistas, que gastam bilhões, justificam como causa principal para aprovação desse crime o custo para transferência dos  animais. Eles se esquecem que esses viventes estão nesses locais há milhões de anos, e que, por isso, devem ter seu habitat respeitado.
Espero que o Ibama nunca autorize tal atrocidade (...).