Translate

quarta-feira, 8 de abril de 2015

PROTEÇÃO ANIMAL NAS ESCOLAS


EDUCAÇÃO

Proteção Animal é estimulada desde a infância nas escolas

07 de abril de 2015 às 6:00

Por Fátima Chuecco (da Redação)

A ANDA abre espaço para uma série de reportagens que abordará a proteção animal na infância, pois, é nessa fase que boa parte de nossa personalidade se forma. Muitas das experiências que temos quando crianças nos marcam para o resto da vida. Aliás, é lá na infância que muitos ativistas começaram a abraçar a causa animal mesmo sem se dar conta disso. Por isso, alimentar as crianças com atividades, livros, filmes e tudo o que possa motivar o amor e respeito aos animais é essencial para um futuro em que a natureza seja protegida e os bichos fiquem livres da escravidão.
Educadores com visão futurística percebem o quanto é importante falar de meio ambiente englobando tudo que está em torno da criança e não só de rios, praias e florestas, como se a natureza só existisse distante dela ou só onde ela passa as férias. 

A Educação Ambiental moderna entende que a criança precisa ser motivada a respeitar a borboleta que pousa em seu quintal, as árvores das calçadas, os passarinhos que moram na cidade e os cães e gatos que vê na rua. Tudo faz parte da natureza: nós, as águas, as florestas, os demais animais… tudo. Ensinar a preservar apenas rios e florestas é ensinar pela metade porque grande parte das criaturas nasce e cresce nas grandes cidades.

Essa série vai mostrar iniciativas que trabalham proteção animal com crianças em escolas, comunidades ou eventos. Haverá dicas de livros e filmes que podem sensibilizar as crianças nesse sentido. Aliás, quantos de nós não tiveram esse “despertar para a causa animal” a partir de algum filme ou livro onde um bichinho era o protagonista?

Como vemos pelas notícias, há um crescente número de pessoas se envolvendo com a causa animal ou, pelo menos, prestando ajuda a animais eventualmente. Chovem denúncias e resgates. São pessoas de várias idades e profissões, além de policiais e bombeiros que têm socorrido animais em situações extremas como nunca víamos acontecer anos atrás. São manifestações pelos direitos animais em toda parte do planeta. No entanto, vai depender das gerações futuras a criação de leis, de posturas e de uma nova visão. Que essa nova série da ANDA inspire a todos (educadores, pais, avós, tios, protetores e simpatizantes da causa) a envolver as crianças numa atmosfera de comunhão com a natureza e respeito aos animais, afinal, uma coisa não é possível sem a outra!

Capítulo Dois

Proteção Animal na escola
Diante de uma plateia mirim, a professora de Educação Física e integrante do grupo Adoção de Gatinhos da UFES (Universidade Federal do Espírito Santo), Daniella Muruce, fala sobre comércio de animais, adoção, guarda responsável, castração, maus-tratos, abandono e resgate. Ela usa uma linguagem própria para a criançada e mostra imagens também de acordo com a faixa etária nas escolas de Vitória (ES) por onde passa. Não cobra nada. É um trabalho voluntário de Educação Infantil voltado para a proteção animal.

A palestra dura em torno de 50 minutos e às vezes as crianças produzem desenhos a partir do que ouvem. O resultado costuma ser bem produtivo. Num rápido entendimento das questões, muitas das crianças expressam no papel a importância de não maltratar e nem abandonar os bichos. “Com o Projeto Proteção Animal na Escola procuro plantar uma sementinha no coração das crianças para despertar nelas o amor ou, pelo menos, o respeito pelos animais”, diz Daniella que também ministra a palestra para adolescentes e até em faculdades.

Daniella começou na proteção animal na infância. Toda vez que achava um bichinho na rua levava para casa. “Não segui nenhum exemplo. Fazia isso espontaneamente. Está no meu sangue. Hoje percebo a importância de conversar com as crianças e jovens sobre esse assunto, mas dependo de convite das escolas. É uma iniciativa sem fins lucrativos, mas que depende do interesse de outros educadores ou donos de escolas”, explica.

Entre em contato com Daniella através de sua página do Facebook ou do e-mail: dmuruce@hotmail.com

O mau exemplo:
Em março de 2014 a professora de Biologia Sônia Wenceslau Flores Rodrigues, do Ifes – Instituto Federal do Espírito Santo em Piúma, estrangulou quatro gatinhos recém-nascidos alegando que não teriam chance de sobreviver sem a mãe, morta no parto. Ela declarou que foi um “ato de piedade”. Alunos, pais e protetores ficaram chocados com tamanha frieza e se manifestaram. Na rede social os estudantes espalharam a foto de uma gatinha com um cartaz que dizia “Eu não mereço ser estrangulada”. O Ifes declarou que não havia provas de que a professora teria cometido o ato dentro da escola e nem na frente dos alunos. Em setembro de 2014, Sônia foi promovida a diretora de Pesquisa, Pós-Graduação e Extensão da estrutura administrativa do campus do Ifes em Piúma. Difícil de acreditar, mas a nomeação foi publicada no Diário Oficial e pode ser vista na Internet.

Livros em prol da causa animal
Muitos livros podem encantar as crianças e ao mesmo tempo educar no sentido de respeitarem todo tipo de vida. E alguns dos autores escrevem com base em experiências que tiveram na infância. É o caso de Colin Thompson, autor e ilustrador de mais de 40 obras, ganhador de vários prêmios na Literatura Infantil. Embora gostasse muito de bichos, foi impedido de adotá-los quando menino por imposição dos avós que o criaram. Essa paixão continuou latejando dentro dele e na fase adulta o escritor mergulhou de cabeça em histórias que projetassem amor aos animais.

Em “O pequeno grande livro da tristeza feliz” (Editora Brinque-Book), por exemplo, um garotinho adota um cão deficiente físico (com apenas três patinhas) que está no abrigo municipal e prestes a ser sacrificado. Na obra “O amor está onde menos se espera” um cachorrinho é adotado, mas não recebe nenhuma atenção da família, então se esforça ao máximo para mostrar todo o amor que tem para dar. Thompson diz que escreve sobre bichos porque não suporta a crueldade contra eles.
“Muitos animais fazem coisas mais bonitas e inteligentes que os humanos. Pessoas que fazem mal aos bichos são inferiores a eles. O homem é a única criatura que está arruinando o planeta. Os livros podem ensinar muito as crianças. Esse é meu trabalho”, desabafa. Os livros de Thompson são vendidos em livrarias do Brasil. Ele vive na Austrália com os cachorros Max e Daisy (resgatada de um lixão).

Bezerro escritor
Falar do sofrimento dos animais para abate para crianças pode ser difícil, mas o livro de Igor Colares pode ajudar. Em sua obra “Bezerro Escritor” ele narra a história de um bezerrinho que sofre ao ver a situação de sua mãe, uma vaca leiteira. Por meio de poemas, o bezerrinho tenta convencer os humanos que a extração de leite é cruel, que sua mãe fica doente, sente dor e que não há necessidade nenhuma de humanos adultos tomarem leite, muito menos leite de vaca. O livro está à venda somente pelo site.

O mau exemplo:
Há muitos livros que mostram “animais da fazenda”, especialmente para crianças bem novinhas. É como dizer “esses aqui são para comer”. Do ponto de vista “educacional”, mesmo sem tocar na questão da proteção animal, esses livros estão dando uma informação completamente errada, pois, não existem “animais de fazendas” e sim obrigados a nascerem e viverem nelas para servirem de consumo. Esses livros levam as crianças a tratarem a escravidão animal com naturalidade. Elas aprendem, desde cedo, que cachorro e gato podem fazer parte da família, mas outros bichos devem ir para a panela.

O gato do artista de rua
No livro “Malhado Miau”, de Julia Donaldson e Axel Scheffler (Editora Fundamento), Malhado é o gato de um artista de rua que com seu violão arrecada todo dia uns trocados. Mas ele sofre um acidente, fica hospitalizado e Malhado se perde na cidade. A partir disso o livro mostra como um gato pode ser um amigo leal, incapaz de esquecer e de se separar de seu tutor. As ilustrações são bem meigas e de cor vibrante, o que deixa a leitura ainda mais atraente aos olhos das crianças. À venda nas livrarias do Brasil.

Veja também o primeiro episódio dessa série neste link.

Publicado no site da ANDA - Agência de Notícias de Direitos Animais
O maior portal de notícias sobre animais do mundo

Foto: Vera

segunda-feira, 6 de abril de 2015

OCUPE-SE POUCO PARA SER FELIZ






“Ocupe-se de pouco para ser feliz”. Foi essa a primeira frase de um livro de Demócrito, filósofo grego do século 5 a.C. O livro se chama sobre o Prazer, e não chegou à posteridade senão por citações de outros pensadores.

A palavra grega para tranqüilidade da alma é euthymia, e sobre ela se debruçaram intensamente os sábios. A recomendação básica de Demócrito, sob diferentes enunciados, é encontrada sempre. Sobrecarregar a agenda eqüivale a sobrecarregar o espírito, e traz inevitavelmente angústia.
Ninguém que tenha muitas tarefas, ou que se atribua muitas, pode ser feliz. Um homem sábio da Antigüidade não abria nenhuma correspondência depois das quatro horas da tarde. Era uma forma de não encontrar mais nenhum motivo de inquietação no resto do dia, que ele dedicava a recuperar a calma que perdera ao entregar-se ao seu trabalho.

Se olharmos para nós, nos veremos com freqüência abrindo mensagens no computador alta noite, e não raro nos perturbando por seu conteúdo. O único resultado disso é uma noite maldormida.
O fato é que fazemos muitas coisas desnecessárias. Coloque num papel as atividades de um dia. Depois veja o que realmente era preciso fazer e o que não era. Já fiz isto. A lista das inutilidades suplantou sempre a das ações imperiosas. O imperador filósofo Marco Aurélio, do começo da Era Cristã, louvou a frase de Demócrito em suas clássicas Meditações.

Acrescentou, com sagacidade, que devemos evitar não apenas os gestos inúteis, mas também os pensamentos desnecessários. Marco Aurélio recomendava o formidável exercício de conduzir a mente, quando desviada, para pensamentos relevantes. Isso conseguido, à base de perseverança, controlamos a mente, esse cavalo selvagem, em vez de sermos controlados por ela.

Ninguém escreveu com tanta graça sobre o tema como Sêneca, pensador romano também dos primórdios da Era Cristã. Sêneca usou as expressões “agitação estéril” e “preguiça agitada” ao tratar dos atos que nos trazem apenas desassossego.

“É preciso livrar-se da agitação desregrada, à qual se entrega a maioria dos homens”, escreveu Sêneca. “Eles vagam ao acaso, mendigando ocupações. Suas saídas absurdas e inúteis lembram as idas e vindas das formigas ao longo das árvores, quando elas sobem até o alto do tronco e tornam a descer até embaixo, para nada. Quantas pessoas levam uma existência semelhante, que se chamaria com justiça de preguiça agitada?”

Agimos como formigas quase sempre, subindo e descendo sem razão o tronco das árvores, e pagamos um preço alto por isso: ansiedade, aflição, fadiga física e mental. Nossa agenda costuma estar repleta. É uma forma de fugir de nós mesmos, como escreveu sublimemente um poeta romano. O resultado é inquietação.

Eliminar ao menos algumas das tantas tarefas inúteis que nos impomos a cada dia é vital para a euthymia da qual falavam os sábios gregos. Quem busca a paz fará bem em refletir na frase com a qual Demócrito iniciou um livro que, tamanha era sua força, sobreviveu aos séculos, ainda que com base apenas em citações.

Postado em 04 abr 2015por : Paulo Nogueira

(Acompanhe as publicações do DCM no Facebook. Curta aqui).

Sobre o Autor

O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.