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domingo, 26 de maio de 2013

CONFLITO: REDE ELÉTRICA X ÁRVORES

Participe dessa discussão, posicione, exerça sua cidadania!

 
O conflito entre a rede elétrica e as árvores são um problema no Brasil.
Estamos lançando a idéia do começo de uma grande discussão para mudarmos esse paradigma.
As cias elétricas não investem, o poder público não toma conhecimento e a população que arca com as contas é a grande prejudicada.
As cias elétricas são simples prestadoras de serviço, e esse serviço tem que atender tudo que o consumidor quer.Mas isso não acontece, visto que nossas redes ainda são aéreas , perigosas e danificam e tomam o lugar de nossas arvores.Pagamos por um serviço que não está de acordo com seu preço.
 
Seguem informações para que todos possam participar , opinar e fornecer material sobre o assunto.
 
Movimento Resgate o Cambuí

 
 
Anexos
1a-Problemas concessionária e acidentes com a fiação causando interrupção de energia
2a-Discussão arvores/fiação
 
 
 
Teses
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Mais informação
 
Band Cidade Campinas - arvores fiação elétrica - 17 04 2013
 
 
Plano para enterrar fiação elétrica em SP levaria 3.000 anos no ritmo atual
ATENÇÃO PARA A FALA: Eletropaulo aluga seus postes e admite enterrar os fios mas não quer perder essa receita.....
 
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Árvores por um fio

Como fios e galhos lutam pelo espaço aéreo nas ruas, redes elétricas subterrâneas podem ser a saída para a arborização urbana

Apesar de muitas pessoas não repararem no céu enquanto estão na correria dos grandes centros urbanos, basta uma espiada pela janela para que uma paisagem conflitante seja facilmente percebida: fios e galhos disputando o mesmo espaço aéreo. Um planejamento inadequado, aliado quase sempre à falta de manutenção, faz com que postes, árvores e solo sejam prejudicados.
Ambientes quentes, calçadas e asfalto danificados pelas raízes, postes com emaranhados de fios junto a folhas, galhos e até ninhos de pássaros, árvores podadas de forma tão drástica que, certamente, morrerão futuramente. Tendo em vista estes problemas, o Movimento Resgate o Cambuí, em Campinas (SP), luta por uma causa pouco conhecida no Brasil: enterrar os fios elétricos aéreos das ruas.
Desde sua criação, há cerca de dez anos, o movimento não-governamental, que busca promover a arborização e aumentar a qualidade de vida no bairro em que atua (o Cambuí), já apresentava entre seus principais objetivos o da criação de uma rede elétrica subterrânea. “Lugar de fio não é à mostra nas ruas. Não é só uma questão de estética. Quando falamos de fios e árvores falamos de segurança”, diz Tereza Penteado, responsável pelo movimento.
Segundo José Pissolato, professor da Unicamp e especialista em alta tensão, as redes elétricas subterrâneas consistem em redes compactas de energia instaladas abaixo do solo, com os fios protegidos por dutos. “Essas redes substituem as atuais feitas com postes e cabos elétricos. Ela é feita dentro de dutos protegidos contra água e outros, como pequenos animais”.
Pissolato ainda explica que os benefícios deste tipo de rede não são poucos. “Dentre os benefícios está o fornecimento de energia sem paradas por descargas atmosféricas ou por queima de transformadores. Para ambiente, sem dúvidas, a rede subterrânea é muito favorável: mantém a área urbana mais bonita e arborizada já que as arvores poderão existir sem problemas, sem cortes por parte do pessoal das concessionárias e sem o perigo para a população”.
Tereza Penteado concorda com o especialista. “Com os fios enterrados, ninguém tomaria choques, o ambiente mais arborizado promoveria maior bem-estar e lazer, diminuindo a violência”, afirma a profissional.
Um estudo recente da Universidade de Temple, nos EUA, coincide com a afirmação de Penteado. Segundo a pesquisa, além de melhorar a qualidade do ar e deixar a paisagem urbana mais agradável, as árvores também podem combater a criminalidade nas grandes cidades, reduzindo, principalmente, o número de casos de agressão, furto e roubo. Segundo os pesquisadores da universidade, localizada na Pensilvânia, as árvores, os arbustos, praças e parques com a vegetação bem cuidada incentivam a interação social e a ocupação da comunidade nos espaços públicos, coibindo práticas violentas.
Menor não é melhor
A solução proposta por prefeituras, como a de plantar árvores de pequeno porte nas calçadas para que não prejudiquem os fios ou as calçadas, não é, segundo Tereza Penteado, necessariamente correta. “Cansamos de nos deparar com mudas de quaresmeiras plantadas ao lado de um bambu e em um canteiro pequeno o suficiente para comportar apenas o tronco da árvore”.
Na opinião dela, essa tentativa de arborizar a cidade não está correta. Nem sempre “aquela região é ideal para comportar uma quaresmeira”. Penteado afirma que “quase sempre, as mudas são plantadas por pessoas sem qualquer especialização, que apenas fazem um trabalho terceirizado para a Prefeitura”.
O professor José Pissolato explica que a infraestrutura subterrânea ainda não é muito presente no País devido ao custo de sua instalação. “As instalações iniciais são mais caras que as instalações aéreas, mas o investimento vale a pena. Em longo prazo, em termos de manutenção, ela não tem os problemas que as aéreas têm. Por exemplo, uma queda de árvore, uma colisão de um carro e descargas atmosféricas não afetam os fios dentro do duto subterrâneo. Como as redes ficam abrigadas embaixo da terra, a proteção contra descargas atmosféricas é de quase 100%”.
Não existe uma lei brasileira que obrigue as concessionárias a investirem nas redes subterrâneas e Pissolato lamenta o fato. “Aqui essas redes são raras, há no centro de São Paulo e na Avenida Paulista, onde não se vê mais postes com fios na rua. Mas no exterior isto já é bem utilizado nas grandes cidades como em Paris, Londres e outras cidades da Europa”.
O outro lado
Segundo o gerente de planejamento do sistema elétrico da CPFL Energia (responsável pela distribuição e fornecimento de energia nos Estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná e Minas Gerais), Evaldo Baldin Dias, na maioria dos casos, a redução dos índices de interrupção em relação às redes aéreas não justifica o investimento em redes subterrâneas. Por isso mesmo, a implantação das redes subterrâneas ocorre de maneira pontual, por decisão de empreendedores de condomínios ou então em parceria com prefeituras municipais.
Tereza Penteado diz se sentir injustiçada ao estar em um País democrático que cobra altos impostos mas que não oferece à população aquilo que lhe traria benefícios. “Pagamos uma das mais caras tarifas de energia elétrica no mundo. Pagamos muito por uma infraestrutura que não é eficiente nem para o homem e nem para o ambiente. Temos o direito de receber um serviço de qualidade, custe o que custar”, afirma.
Apesar da triste realidade aérea das redes elétricas, ambos os profissionais mostraram uma visão firme e positiva quanto à luta da população pela implantação de um sistema subterrâneo. “Uma pressão governamental e por parte da população nas concessionárias a respeito desse assunto pode trazer benefícios a todos no meu ver”, diz Pissolato.
“Acredito que estamos, sim, caminhando para uma conscientização social. Percebo no próprio Movimento em que trabalho como a população tem arregaçado as mangas e lutado cada vez mais pelos seus ideais. Afinal, acho que estamos nos dando conta da triste realidade de nosso País. Se não lutarmos por nossos interesses, não vai ser o poder público que fará isto por nós”, complementa Tereza Penteado.
 
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Enviado por Tereza e grupo do Mov. resgate Cambuí

terça-feira, 14 de maio de 2013

ESTAMOS ACABANDO COM NOSSAS FLORESTAS?






As florestas ficaram mais frágeis
11 de maio de 2013 | 2h 02
·         Notícia
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Fernando Reinach
Charles Robertson passou 20 anos, entre 1870 e 1890, estudando os insetos que polinizavam as flores de Carlinville, uma pequena cidade nos Estados Unidos.
Para cada uma das plantas que estudou, Robertson identificou todas as espécies que visitavam suas flores. Descobriu que 109 espécies de insetos polinizavam 26 espécies de flores. Como cada espécie de inseto visita mais de uma espécie de planta e cada flor é visitada por mais de um inseto, Robertson identificou um total de 532 pares de flores/insetos e produziu o mais antigo e completo mapa de interações entre as plantas e seus polinizadores.
Cento e vinte anos se passaram e Carlinville perdeu parte de sua mata para a agricultura. Em 2009, um grupo de cientistas voltou à cidade e repetiu o estudo de Robertson nas matas remanescentes.
A comparação dos resultados de 1890 com os de 2009 é a única medida direta que dispomos sobre o impacto da agricultura sobre a rede de interações que une plantas e polinizadores. Se você não gosta de más noticias, é bom parar por aqui.
Mais de 90% das plantas dependem de insetos para reproduzir. Os insetos dependem do néctar e as plantas dependem do transporte de pólen para produzir frutas e sementes. Nas grandes plantações, essa rede é semelhante, mas muito mais simples. Os agricultores dependem de colônias de abelhas para garantir a produção de frutas e os produtores de mel precisam alimentar suas abelhas com o néctar. A produção de frutas na Califórnia depende de 1,5 milhão de colmeias que são transportadas todos os anos de diversos Estados dos EUA para a região. As abelhas trabalham algumas semanas e voltam para casa. Esse aluguel de abelhas complementa a renda dos produtores de mel. No resto do mundo, não é diferente.

Nos últimos anos, com o aparecimento de novas doenças e o uso inadequado de inseticidas, aumentou o número de abelhas que morrem todos os anos, dificultando a recuperação das colmeias. O resultado é uma crescente falta de abelhas. Não sabemos como resolver o problema. Alguns inseticidas já foram banidos, mas tudo indica que essas medidas não serão suficientes. E sem abelhas podemos dar adeus às frutas.
No limite, a sobrevivência de parte de nossa agricultura pode depender de polinizadores presentes na natureza. Mas será que eles não foram dizimados no último século? A resposta está nas informações coletadas em Carlinville.
Comparando os dados de 1890 com os de 2010, os cientistas observaram que somente 125 das 532 interações ainda estão presentes (24%). Mas, como 121 novas interações foram observadas em 2009, o número atual de interações é 246. Conclusão: nos últimos 120 anos, desapareceram 46% das interações entre insetos e plantas nas matas de Carlinville.
Das 407 interações que desapareceram, 45% ocorreram por causa do desaparecimento de espécies de abelhas. Em 1890, havia 109 espécies. Hoje são 54. Por outro lado, o número de plantas envolvidas nessas interações permaneceu constante. Outras interações desapareceram em decorrência de mudanças de sincronia entre os insetos e plantas.
Plantas que floresciam na mesma época em que os insetos eclodiam agora florescem mais tarde em função das mudanças climáticas. O fato é que a rede de polinização dessas florestas diminuiu, e muito. Se em 1890 cada espécie de planta possuía diversos polinizadores, agora conta com um número menor de opções, o que torna o ecossistema mais frágil e menos resistente a mudanças.
Nossos antepassados contavam com a ajuda de dezenas ou centenas de insetos para garantir a reprodução em seus pomares. A agricultura moderna conta com pouquíssimas espécies de abelhas. Um processo semelhante está ocorrendo nas florestas. À medida que a biodiversidade é reduzida, as florestas perdem polinizadores. Com nossa agricultura e nossas florestas ficando mais frágeis, o risco de um colapso aumenta. Aos poucos, estamos cavando nossa própria cova.

Recebido por e-mail do Mov. Resgate Cambuí 

sexta-feira, 10 de maio de 2013

MALDITOS FIOS...



 
05/05/2013 - 03h10

Leão Serva: Fora #malditosfios

Banida a publicidade externa de São Paulo, em 2006, a maior responsável pela degradação do visual da cidade passou a ser a rede de fios pendurados em postes.
Já seriam feios e invasivos se estivessem em boa condição; mas ainda por cima estão malcuidados, em muitos lugares formam verdadeiras camas de gato ou novelos enredados. Além de serem uma insistente manifestação de subdesenvolvimento, os fios aéreos agridem as árvores, essenciais para o ambiente urbano.

Se fossem solução para o abastecimento de luz da metrópole, ainda se justificariam pelo lado técnico. Mas os #malditosfios, como os chamo em campanha (cada vez menos) solitária nas redes sociais, são frágeis e provocam interrupções de abastecimento cada vez mais frequentes diante das intempéries que o aquecimento global multiplica. Os fios subterrâneos, por sua vez, não ameaçam árvores, não invadem o horizonte, não poluem a paisagem e se desgastam menos com o tempo.

Esse dado tem comprovação empírica: segundo estudo do Edison Electric Institute, formado por companhias elétricas dos EUA, cidades com fiação subterrânea sofrem perda de energia 0,1 vez ao ano, enquanto as de fios expostos perdem 13 vezes isso-1,3 vez ao ano.
Engana-se quem pensa que só as residências sofrem sem a energia; em São Paulo, todo dia, há 64 panes nos semáforos. Por isso, é muito alvissareira a notícia de que o Ministério Público Federal decidiu pôr em discussão o enterramento do cabeamento elétrico de São Paulo.

A procuradora Adriana Fernandes da Silva coloca a questão em perspectiva nacional, provocando uma posição da Agência Nacional de Energia Elétrica, até hoje leniente a esse propósito. A Eletropaulo, responsável pelos postes de São Paulo, boicota o enterramento, argumentando que os custos são elevados. A distribuidora diz que seria necessário gastar R$ 2,45 milhões para enterrar cada quilômetro de fio, o que causaria um custo total de mais de R$ 100 bilhões, computando-se os 41 mil quilômetros de fios pela cidade.

Esse valor está inflado, desde logo, pois o certo é multiplicar pelos quilômetros de ruas, dado que cada via terá o mesmo encanamento de luz, não importando quantos fios passem por ali. Como são 17 mil quilômetros de ruas, a conta cai para R$ 41,65 bilhões. Mas o enterramento não interessa à companhia; exigiria investimento que ela não parece disposta a fazer já. Atitude infeliz e preguiçosa: outros países já mostraram ser possível fazê-lo em pouco tempo: a Alemanha enterrou 70% de sua fiação aérea em três anos, e o Reino Unido, 80%, em igual período de tempo.

Outro ponto relevante: com os fios enterrados, a Eletropaulo perde o aluguel que cobra para deixar as telefônicas e TVs pagas pendurarem seus cabos nos postes de luz.
Essa mesma receita é uma das possíveis fontes de financiamento da mudança dos fios: quem investir no enterramento depois vai receber dessas empresas o que elas pagam hoje para pendurar fios nos postes.

Também devem ser incluídas entre as possíveis fontes de recursos futuros as economias que as concessionárias terão com a redução da manutenção. Cabe incluir nos cálculos até mesmo alguma contribuição oriunda das economias feitas na cidade com a redução das quedas de fornecimento.

Com essas e outras fontes, como a venda dos espaços deixados pelos postes, um investidor com dinheiro em caixa que aceite esperar um prazo longo para recuperar seu capital -caso, por exemplo, dos fundos de pensão e dos bancos de investimento- poderá se interessar pelo enterramento, tirando-nos dessa sinuca em que o desinteresse da Eletropaulo insiste em nos deixar.

LEÃO SERVA, 53, ex-secretário de Redação da Folha, é coautor de "Como Viver em SP sem Carro" (Neotropica) e autor da exposição "Malditos Fios"

Recebido por e-mail do Movimento Resgate Cambuí

segunda-feira, 6 de maio de 2013

DÉFICIT VERDE



 
 

Déficit verdeA falta da consciência da população e de ação dos órgãos públicos geram déficit de arborização urbana

Confira as Fotos

Convidada a participar do plantio do movimento ‘Tá com Calor? Plante Árvores’, no Ribeirão Verde, Edna Costa incentivou a neta Sabrina a acompanhá-la e, juntas, plantaram uma muda de amoreira na calçada em frente à sua casa. “Ela ajudou a tirar a terra para fazer o berço, eu tirei o plástico da muda,  juntas cobrimos com terra e ela cuidou da água. Agora, sente-se responsável pela árvore e, quando sai, despede-se como se fosse uma pessoa. Plantamos em 11 de dezembro e me propus a fotografar a  árvore e a Sabrina lado a lado, todos os meses, para acompanharmos o crescimento”, conta a avó.
A ação repercutiu na internet e Sabrina virou símbolo da campanha de arborização, iniciada no final de 2012 pela Associação Cultural e Ecológica Pau Brasil. Primeira criança a participar do movimento, a menina de sete anos serve de exemplo. Explicita como o analfabetismo ecológico — tal qual o político, enunciado por Bertolt Brecht —  produz efeitos colaterais indesejáveis, compartilhados pela coletividade, que poderiam ser evitados com apenas um pouco de algo em falta na sociedade contemporânea: envolvimento. “Precisamos nos sentir responsáveis pela arborização de nossa cidade, por motivos óbvios, como beleza, frescor e qualidade de vida. Além disso, o plantio é um aprendizado, no sentido da convivência e do respeito à natureza, pois quem planta uma muda passa a olhar as árvores de outra forma”, argumenta Edna.
A cultura predominante de que árvores podem cair e causar prejuízos, de que as folhas sujam quintais e de que as raízes quebram calçadas tem efeito devastador sobre a qualidade de vida da população.  Calor excessivo, poluição atmosférica, doenças respiratórias, déficit de indicadores ambientais e morbidade são palavras-chave neste contexto (embora muitas vezes dissociadas dele). 
Árvores são indispensáveis à manutenção da vida, tanto quanto água e luz, e esse é um entendimento urgente. Entre os benefícios gerados por elas estão o aumento da umidade, devido à evapotranspiração foliar; a melhoria do solo; a diminuição do impacto da água da chuva; a oxigenação do ar; a redução de ruídos e da poluição do ar; a contribuição para manutenção da fauna; a diminuição da sensação térmica em função da sombra e a criação de espaços de socialização.
Cidadania
Há belas histórias a serem contadas de pessoas fazendo a diferença no sentido de arborizar Ribeirão Preto, sozinhas ou em grupos. Entre elas, a dos vizinhos e amigos José Abbari Filho, de 84 anos, e Luiz Carlos Ferreira Gomes, de 70 anos, que transformaram o canteiro público, de 200 x 70 metros de puro mato em frente às suas casas, em uma bem cuidada área verde, repleta de árvores frutíferas.
Há nove anos, os aposentados trabalham quase diariamente na manutenção do local, sem qualquer apoio do poder público ou dos demais moradores. Hoje são mais de 250 árvores plantadas, a maioria a partir de sementes que trouxeram de viagens ou ganharam de conhecidos. São dois dias de trabalho para cortar a grama, um dia para rastelar, outro para recolher tudo. Eles ainda encontram tempo para pintar os troncos e a sarjeta de branco. “Tem hora que dá vontade de abandonar tudo. Não temos apoio e ainda tem gente que vem destruir. Mas é bem em frente à minha casa, como não vou cuidar?”, diz Luiz Carlos.
Este é o tipo de consciência que está em falta: a do cuidado com a frente da casa, com o bairro, com a cidade onde se vive. Nasce, assim, a dificuldade de viabilizar o que determinam o Código Municipal do Meio Ambiente (2004) e o Plano Diretor de Arborização Urbana (2009). “O Plano Diretor de Arborização da cidade foi muito bem concebido por técnicos da Secretária do Meio Ambiente, mas não saiu do papel. Ele faz o mapeamento da cidade, mostrando onde faltam árvores, como no Jardim Jandaia, por exemplo, e ainda determina como plantar, quais árvores plantar e até como fazer a poda, o que resolveria a resistência dos comerciantes em ter árvores por causa das fachadas. Só falta dar poder à Secretaria do Meio Ambiente para colocá-lo em prática”, avalia o presidente da Comissão Permanente de Meio Ambiente da Câmara Municipal, Marcos Papa (PV).
Tá com calor? Plante Árvores
Uma iniciativa coletiva, iniciada pelos ambientalistas e militantes Reinaldo Romero e João Tavares, da Associação Cultural e Ecológica Pau Brasil, e denominada “Tá com Calor? Plante Árvores”, já efetuou o plantio de mais de 900 mudas pela cidade nos últimos meses. “Ao longo dos quase 25 anos da Pau Brasil, realizamos várias campanhas, mas idealizamos esta por sentir falta de um programa de arborização sério e contínuo”, explica Romero.
Em janeiro, o movimento lançou uma petição pública exigindo da Prefeitura de Ribeirão Preto o cumprimento do Plano Diretor de Arborização Urbana. Para o ambientalista, o poder público não estimula o cidadão a plantar árvores, pois o Horto Florestal só libera três mudas por pessoa. “O viveiro, construído em 1994 para produzir 600 mil mudas ao ano, hoje tem um estoque aproximado de 70 mil mudas. Após 19 anos, a cidade cresceu e chegamos a 600 mil habitantes, aumentando a demanda, mas a administração não acompanhou este ritmo. Muitas áreas destinadas a serem praças, áreas verdes e parques, como a Pedreira da USP, a Cidade da Criança, o Augusto Rusck e o Rubens Cione, se já estivessem implantadas, amenizariam o clima e contribuiriam com a saúde da população, além de proporcionar lazer e recreação. Mas infelizmente, não saíram do papel”, lamenta Romero.
Zonas de calor
A proposta do movimento de arborizar para reduzir o calor não poderia ser melhor. A questão da distribuição das árvores na cidade, no entanto, precisa ser observada. Segundo um estudo feito a pedido da Prefeitura, para o engenheiro agrônomo Demóstenes Ferreira da Silva Filho, professor da Universidade de São Paulo (ESALQ), de Piracicaba, a cidade possui dez áreas críticas onde a cobertura arbórea não ultrapassa 13%. São Campos Elíseos, Centro, Distrito Empresarial, Jardim Heitor Rigon,  Jardim Manoel Penna, Ipiranga, Planalto Verde, Sumarezinho, Vila Seixas e Vila Tibério. 
O monitoramento foi feito por sensoriamento remoto (satélite) e revelou que a cidade possui 41m² de copa arbórea por habitante, excluídas áreas de maciços florestais, como o Bosque, a Mata de Santa Tereza e o Campus da USP. Das 45 regiões pesquisadas, apenas 20 tem um bom índice, chegando a 56% de cobertura arbórea. Outras 15 tem índice de até 17% e 10 regiões de 24%. “O índice não é ruim, a cidade está melhor do que outras do estado. O problema é a distribuição. O ideal seria Ribeirão Preto ter 40% de cobertura em todos os bairros, por ser uma cidade muito quente. O asfalto é o grande responsável pelo calor, pois esquenta rápido e demora para esfriar, por isso, a cidade precisa de uma meta para sombrear as ruas. Tanto do ponto de vista da qualidade de vida da população quanto da economia de energia, o benefício do plantio de árvores para sombrear as ruas será maior do que se forem semeadas em quintais ou praças”,  explica Demóstenes.
Ação pública
O impacto negativo da ausência de uma política ambiental em Ribeirão Preto, que englobe a questão da arborização com a seriedade que ela exige, é evidente. A despeito disso, não se nota movimentação concreta do legislativo ou do executivo, senão para dar andamento a soluções paliativas que garantam certificação no programa do governo do estado ‘Município Verde Azul’.
Ocupando a 95ª posição no programa, com 83,60 pontos, a cidade está abaixo da meta de arborização proposta pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente, de 100 m² de copa arbórea por habitante. Na corrida pela pontuação no programa, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente criou, em 2009, o programa “Vamos Arborizar Ribeirão” que, segundo dados oficiais, realizou o plantio de 12.897 mudas de árvores na zona leste, 1.637 na zona norte e outras 50 mudas na zona sul. 
Em 2013, a meta do programa é plantar 10 mil  árvores nas calçadas de Ribeirão Preto, iniciando pelo Quadrilátero Central, considerado crítico. As notícias, no entanto, são de que a Prefeitura tem encontrado bastante resistência da população.
Marcelo Pereira de Souza, ambientalista e professor da Universidade de São Paulo, acha a ação pública inócua. “O verde em Ribeirão Preto é absolutamente discurso. A cidade não tem política de arborização, apenas ações isoladas onde a maioria das mudas morre por falta de cuidado. O discurso da Prefeitura é sempre o mesmo. Não existe um trabalho em conjunto, não existe planejamento, não há política, apenas discurso. Há uma visão utilitarista do meio ambiente predominante, não é prerrogativa de Ribeirão Preto preservá-lo”, enfatiza Souza.
Até o fechamento desta edição, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente não forneceu informações sobre a questão da arborização na cidade.
Árvores nas avenidas
A título de curiosidade, a reportagem realizou uma contagem das árvores em canteiros de algumas das principais avenidas de Ribeirão Preto. O dado não é preciso, mas revelador. Avenidas mais antigas como a Nove de Julho e a Treze de Maio, por exemplo, demonstram elevada percepção de harmonia com a natureza por parte de seus idealizadores. Possuem árvores da mesma espécie plantadas e com espaçamento igualado entre elas. São avenidas muito bonitas. Na avenida Francisco Junqueira, por outro lado, não ouve preocupação estética, mas a quantidade de árvores plantadas em seus 3,2 km (mais de  700) representa um bom exemplo a ser seguido. O que não se pode dizer da avenida Independência que, em quase 3 km no sentido rodovia/centro, conta com apenas 178 árvores. No total, a avenida de 5,1 km possui aproximadamente 248 árvores (adultas). No trecho mais antigo, entre as avenidas Nove de Julho e Francisco Junqueira, se nota uma maior preocupação com a seleção de espécie e espaçamento. Do lado oposto, entre as avenidas Nove de Julho e a João Fiúsa principalmente, o que se vê é descaso. Mato alto e  a maioria das árvores podadas ao meio por causa da fiação elétrica. Apesar de sua importância para a cidade, a avenida perde em beleza e quantidade de árvores para a avenida Mogiana, que com cerca 2, 2 km soma quase o mesmo número (220 árvores)  e ainda possui muita área a ser plantada.

Bom Exemplo

No perímetro urbano de Ribeirão Preto, um exemplo de política de arborização bem-sucedida está no Campus da USP, onde, para cada árvore extraída mediante aprovação da Comissão de Meio Ambiente da USP, outras 25 são plantadas. A Seção de Parques e Jardins e Serviço de Áreas Verdes e Meio Ambiente da Prefeitura do Campus (PUSPRP) iniciou, no final de janeiro, o plantio de 10 mil mudas de espécies florestais nativas da região, para compensação das extrações de árvores realizadas em áreas do campus durante de 2010 a 2012 e também para reposição de parte dos danos causados pelas queimadas de agosto de 2011, que destruíram vasta área da floresta e cerca de 44 mil mudas do banco genético da USP.
Mau exemplo


Também no perímetro urbano de Ribeirão Preto, um exemplo da falta de política de arborização está no Parque Roberto de Melllo Genaro (Parque da Caramuru) onde a falta de sombra prejudica seu uso por parte da população. Construído numa área de 10.219 m², o Parque possui equipamentos para ginástica, playground, pista para caminhada e ciclovia, além de bancos de madeira por toda sua extensão. Uma mina natural e um pequeno lago completam o cenário. Logo na entrada, pela avenida Caramuru, uma enorme árvore recebe os visitantes e oferece bastante sombra, mas não existem bancos em volta. Na opinião dos usuários, fica difícil frequentar o local entre 9h e 17h por causa do sol, ainda mais com crianças.

Texto: Yara Racy
Fotos: Júlio Sian, Ibraim Leão e arquivo USP
Diagramação: Lucas Chaibub
Agradecimento: Baby Center
* Publicado em 07/03/2013

Recebido por e-mail do Movimento Resgato Cambuí