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domingo, 15 de maio de 2016

Muita careta pra engolir a transação

Narciso Alvarenga Monteiro de Castro

A nação assiste, dia após dia, a uma encenação que já não emociona a plateia. Atores, os mais diversos, se revezam na coxia seguindo um roteiro bem ensaiado, mas que, contudo, não parece convencer aos mais exigentes.
Ninguém sabe ao certo quem é o diretor, ou melhor, desconfia-se que possam ser vários, como naquelas novelas folhetinescas em que cada um se encarrega de um núcleo.
Poderia estar me referindo à última apresentação teatral, mas só que não. Com algum pesar, falo da realidade política e institucional de nosso país nos últimos meses.
Ninguém sabe o que vai acontecer no dia seguinte. Mas todos sabem que, no final, os “bandidos” do PT vão ser presos para sempre e “aquela mulher” vai ser enxotada no próximo dia 11 de maio, uma quarta-feira de futebol.
Lembro-me até do meu caro amigo Chico, “aqui na terra tão jogando futebol, tem muito samba, muito choro e rock’n roll. Uns dias chove, noutros dias bate sol. Mas o quero te dizer é que a coisa aqui está preta. (…) Muita mutreta pra levar a situação. (..) Muita careta pra engolir a transação”.
O problema é que os “mocinhos” não parecem ser tão bonzinhos assim. P
arte da turma que vai enxotar a “intrusa” do Planalto tem uma “capivara” de vários metros, a dar inveja ao Marcola, daquela entidade que “controla o crime de dentro e de fora dos presídios”, como diz a tevê.
Outro problema é que o roteiro está em inglês e já veio pronto para ser cumprido, com uma precisão anglo-saxônica.
A Constituição, ora a constituição! A única que parece valer é aquela que foi escrita no século XVIII pelos “pais fundadores”. Essa daqui é mais remendada e repudiada que calça de caipira de festa junina.
Nada disso causa mais espanto. O que traz uma dose de tristeza maior é saber que o país mais uma vez entregará a sua soberania ao estrangeiro. O Brasil, na época da 2a Guerra, foi o único país do mundo, até hoje, que entregou todo o comando integral de sua defesa nas mãos de outro país estrangeiro, no caso os Estados Unidos da América. Isso é que é confiança!
Na época do Collor, o país lacrou o local secreto para possível teste atômico. Sob Fernando Henrique, o sábio, assinamos o Tratamento de Não Proliferação Nuclear, que o país resistia há vários anos em assinar, sem receber nada em troca. Isso é que é estadista.
Agora, a causa de nossa desgraça (tal como aconteceu com vários outros países com grandes reservas de petróleo), foi a descoberta e começo de exploração do pré-sal.
Nosso amigo do norte, alguns meses depois do anúncio da descoberta, ressuscitou a IV Frota no Atlântico Sul, desativada após cumprir com a sua missão de obrigar o país a entrar na última grande guerra.
Fiquemos felizes que não vão nos bombardear como fizeram com os sérvios, líbios, somalianos, afegãos, iraquianos, sírios e outros povos desafortunados. Porque será que ainda não bombardearam a Coréia do Norte, outro país pária?
Fico aqui a conversar com meus botões, não tão sábios como de outros, ruminando se já não existem nacionalistas em nossas Forças Armadas, a permitir tantos descalabros. Ou será que imaginam que terão o subnuc das mãos dos que estão prestes a assumir o poder?
Será que receberam alguma promessa, que sabemos de difícil cumprimento na quadra econômica atual? A prisão do pai do reator nuclear brasileiro diz muita coisa. Porque tanta dureza, se nenhum dos grandes ladrões da Petrobras ficaram mais de um ano presos, beneficiados por delações e mais delações?
A tecnologia prestes a ser incorporada, em aviões modernos, submarinos de grande projeção de poder naval, poderia ter causado ciúme na arma preponderante, no caso o Exército? Só isso explicaria a quase “carta branca”, que foram as declarações do Comandante da força, de que não interferiria nos acontecimentos em curso.
No momento em que foram proferidas pareciam que havia um compromisso com a democracia. No momento atual, ficaram parecendo outra coisa, agora que os panos caíram e cada um recita o seu papel conforme o script.

Na próxima semana, uma nuvem negra promete fazer sombra a todo um país. Cenas de apocalipse estão previstas. Todo mundo quer ir para o céu, mas ninguém quer morrer, disse o poeta. Cai o pano, rápido!

recebido por e-mail / Paulo Roberto

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