Solange Vigoder
Ao falar na Comissão Geral que debate o Projeto de Lei nº 4.567, de 2016, que retira da Petrobrás o status de operadora única do pré-sal e solapa a garantia mínima de 30% na exploração de blocos licitados - e descobertos pela Companhia - o vice-presidente da AEPET, Fernando Siqueira, foi demoradamente aplaudido ao lembrar, entre outros fatos, que nenhum país que entregou seu petróleo para empresas estrangeiras conseguiu vencer a miséria e o subdesenvolvimento.
"Temos exemplos enormes, como o de Gabão, Nigéria, Angola, que entregaram o seu petróleo e não se desenvolveram. O seu povo está miserável. A Noruega, que foi citada pelo Presidente do IBP - um dos lobistas-mores citado pelo WikiLeaks -, criou uma estatal para gerir o seu petróleo e de país mais pobre da Europa se transformou no país mais desenvolvido do mundo", frisou.
Para desmistificar conceitos disseminados pelos lobbies através da mídia hegemônica, cujos interesses quase nunca coincides com os do País, Siqueira citou alguns dados relevantes:
"A Petrobrás não é uma empresa corrupta, mas sim uma vítima da corrupção causada por maus políticos (palmas), por maus empreiteiros e por uma dúzia de maus empregados que venderam a sua consciência. Ela possui 80 mil empregados sérios, competentes e trabalhadores que a levam a ganhar prêmios internacionais."
O vice-presidente da AEPET ponderou que são as empresas do cartel de petróleo, que costumam subornar, matar presidentes nacionalistas e provocar guerras mundiais.
"A Petrobrás não está quebrada! Ela teve um lucro bruto de R$ 98 bilhões no ano passado e um lucro líquido de R$ 14 bilhões. (Palmas.) Mas, por exigência da auditora americana Pricewaterhouse, uma raposa no nosso galinheiro, desvalorizou os seus ativos em R$ 49 bilhões, gerando um falso rombo de R$ 34 bilhões", contabilizou. "O argumento (para a desvalorização dos ativos) é a baixa do preço do petróleo, mas a Exxon não fez essa desvalorização."
Siqueira lembrou ainda que a dívida da Companhia não é de R$ 500 bilhões, como diz a mídia, defendendo a venda de ativos. "A dívida líquida da companhia é de R$ 90 bilhões, igual à da Shell, que é de R$ 90 bilhões. Só que a Petrobrás tem 170 bilhões de barris e a Shell tem apenas 20 bilhões na sua reserva! (Muito bem! Palmas.)"
Outra falácia dos entreguistas, a de que o pré-sal seria é um fiasco, foi desmontada pelo engenheiro. "O campo de Libra é muito superior ao esperado. O custo da produção caiu, em 2013, de US$ 40 para US$ 20 por barril graças à produtividade imensa do pré-sal e à competência da Petrobrás", disse, citando outros exemplos, como a cessão onerosa, que a Petrobrás comprou do Governo.
"Havia uma previsão de produção de 5 bilhões de barris, e hoje isso está próximo de 20 bilhões de barris. Portanto, o pré-sal é muito maior do que foi dito no passado".
Venda de ativos
No final de 2015, o então presidente da empresa, Aldemir Bendine, previu a venda de ativos para angariar cerca de R$ 15 bilhões, para acertar o caixa. No entanto, lembrou Siqueira, com a queda do dólar, a Petrobrás já ganhou US$ 50 bilhões, três vezes aquilo de que ela precisava.
"Então, por que vender ativos? A venda é uma forma de desmantelar a Companhia para entregar o pré-sal. Querem vender a BR Distribuidora. O Sr. Pedro Parente veio da Bunge, multinacional que quer entrar na distribuição. Não conseguiu comprar a ALE e vai comprar a BR por preço de banana", criticou.
"A Transpetro é a transportadora de petróleo do mar para a terra e faz a sua medição. E elas querem essa medição para surrupiar petróleo brasileiro. Na gestão Pedro Parente no Conselho de Administração da Petrobrás, vários crimes foram cometidos contra a empresa. Por exemplo, venderam 36% das ações na Bolsa de Nova Iorque por US$ 5 bilhões, quando valiam mais de US$ 100 bilhões; fizeram uma troca de ativos que causou um prejuízo de US$ 2,2 bilhões à Companhia e um acordo com Eike Batista que causou um prejuízo de 330 bilhões, que o Diretor Ildo Sauer conseguiu consertar um pouco."
Siqueira lembrou também que a AEPET mostrou 14 razões para a Petrobrás continuar como operadora única do pré-sal. "Uma delas é evitar os dois focos de corrupção mundial do petróleo, que são o superdimensionamento dos custos de produção - uma empresa compra um sistema por US$ 2 bilhões, declara US$ 3 bilhões e ganha US$ 1 bilhão em petróleo, sem fazer força", finalizou.
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20 hrs ·
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