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segunda-feira, 2 de julho de 2012

A HISTÓRIA VERDE DA CIVILIZAÇÃO


















Autor(es): Alexandre Mansur e Marco Vergotti

Época - 18/06/2012

Como o que fazemos com a natureza determinou o sucesso ou o fracasso 
das civilizações desde a Antiguidade até hoje.

Os humanos ergueram a civilização graças a sua engenhosidade, iludidos 
pela impressão de que podiam dominar a natureza sem consequências. 
Na Pré-História, consolidaram seu domínio acabando com outros 
hominídeos concorrentes, como os neandertais ou os Homo erectus. 
Extinguiram grandes espécies, como os cangurus de 3 metros da Austrália, 
os mamutes da América do Norte e as preguiças-gigantes da América no 
Sul. Com o desenvolvimento tecnológico, a exploração predatória de recursos 
começou a levar à falência algumas empreitadas. O caso mais clássico ocorreu 
na Ilha de Páscoa, onde a população montou uma uma sociedade sofisticada, 
com conhecimentos de astronomia e artes, mas ignorante de ecologia. 
Desmataram a ilha e inviabilizaram a própria agricultura. Quando os 
europeus os encontraram, restavam poucos descendentes maltrapilhos 
que recorriam ao canibalismo para sobreviver. Outros fracassos estão 
escondidos sob nossos pés. No século XIX, o Vale do Paraíba, entre o 
Rio de Janeiro e São Paulo, sustentou o império do café, movido a 
trabalho escravo e desmatamento. Quando a Mata AtlIantica mais 
exuberante do país foi toda queimada, o solo empobrecido e seco não 
sustentava nem capim. Os netos dos barões do café acabaram pobres. 
Estamos agora diante de novas ameaças. Desta vez em escala global. 
A história pode nos ajudar a tomar decisões mais sábias.

As civilizações perdidas
5000 a.C.-1300 d.C.

2000 a.C. a 1700 a.C.

SUMÉRIA
Atual Curdistão

Desenvolveram a primeira escrita conhecida. Ergueram a 3000 a.C. 
uma civilização baseada na agricultura irrigada entre os rios Tigre e 
Eufrates. falta de cuidado levou à salinização do solo. Entre 2400 a.C. e 
1700 a.C., a produção caiu 65%, mesmo com a substituição do trigo por 
cevada, mais tolerante. A terra ficou branca e a Suméria ruiu.

600 a.C. a 300 a.C.

FENÍCIOS E GREGOS
Mediterrâneo

As florestas mediterrâneas, especialmente ricas em cedros do Líbano, se 
estendiam do Marrocos ao Afeganistão. Eram matéria-prima essencial 
para a construção e navegação dos fenícios. Foram gradualmente destruídas. 
Os gregos tiveram de plantar oliveiras para conter a erosão das encostas 
nuas.

250 a.C. a 900 d.C.

MAIAS
México

Fizeram pirâmides e observatórios astronômicos. Corrigiam o solo para 
plantar milho. Desmataram tanto que as chuvas diminuíram em até 20%.
Começaram a passar fome e entraram em decadência antes da chegada 
dos espanhóis.

600 a 1200 d.C.

ANASAZIS
Estados Unidos

A sociedade anasazi floresceu por volta do ano 600 e ruiu antes de1200. 
Chegaram a levantar prédios com seis andares e 600 cômodos, usando 
pedras e estruturas com vigas de madeira. Acabaram com as florestas da 
região. A agricultura esgotou o solo. Foram dizimados por uma 
sequência de anos secos.

1200 a 1700 d.C.

RAPA NUI
Ilha de Páscoa

Os primeiros habitantes da ilha a chamavam Rapa Nui. Ergueram uma 
civilização com conhecimentos sofisticados de astronomia e construíram 
as famosas estátuas, os Moais. Desmataram toda a ilha, gerando seca e 
solos inférteis. Foram dizimados pela fome, pela guerra civil e acabaram
praticando canibalismo.

O impacto ganha escala
1400 a 1930

1492 a 1800

COLONIZAÇÃO DO NOVO MUNDO
Américas

Os europeus encontraram uma população com 50 milhões a 110 milhões 
de pessoas isolada do mundo há 10 mil anos. Doenças como a gripe e a 
varíola mataram mais do que as armas, a fome e a escravidão. Ratos e 
esquilos europeus exterminaram espécies nativas.

1750 a 1850

REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
Europa

A invenção de máquinas a vapor movidas a carvão permitiu a produção 
em massa de roupas, carros, trens e comida. Criou uma nova sociedade 
de consumo e conforto, assim como a poluição do ar e o aquecimento 
global pela queima de combustível fóssil.

1830 a 1909

DESCOBERTA DO PETRÓLEO
Europa

O início da exploração de petróleo na Rússia, na Polônia, nos EUA e no 
Canadá substituiu o carvão. Gerou mais riqueza e conforto e agravou 
o aquecimento global. Em 1909, a indústria inventou o plástico, material 
sintético que nunca se decompõe.

A DESCOBERTA DAS CONSEQUÊNCIAS
1830 a 1970

1830 a 1888

CAFÉ
Brasil

Os fazendeiros do Brasil plantavam café, um dos produtos mais 
valorizados do mundo, no Vale do Paraíba. Os lavradores derrubaram 
a Mata Atlântica mais rica do país. A lenha alimentava a ferrovia 
Central do Brasil. A prática gerou erosão e esgotamento do solo. 
No fim, a terra não dava nem para capim. Os barões do café faliram.

1914

POMBO-PASSAGEIRO
Estados Unidos

Os primeiros colonizadores europeus encontraram uma população de 5 
bilhões de pombos-passageiros (Ectopistes migratorius) nos EUA. 
Eram de 20% a 40% das aves do continente. Os bandos escureciam o 
céu levavam horas para passar voando. A caça e o desmatamento 
acabaram com eles. O último da espécie morreu em 1914.

1934 a 1936

DUST BOW
Estados Unidos e Canadá

O desmatamento do Meio-Oeste para agricultura expôs o solo e mudou o 
clima local. O solo nu começou a secar e erodir. Tempestades de areia 
assolavam as cidades da região. A quebra das safras agravou a fome na 
crise financeira dos anos 1930.

1945

HIROSHIMA
Japão

No dia 6 de agosto, na Segunda Guerra Mundial, os EUA lançaram uma 
bomba atômica na cidade. De 90 mil a 166 mil pessoas morreram nos 
quatro meses seguintes. Surgiu ali o medo da radiação usada para fins 
pacíficos nas usinas nucleares.

1952

GREAT SMOG
Inglaterra

Em dezembro de 1952, condições atmosféricas impediram a dispersão da 
fumaça de carvão das chaminés. A névoa cobriu Londres. Cerca de 25 mil 
pessoas adoeceram e 6 mil morreram. O evento deu força ao incipiente 
movimento ambiental na Europa.

1974

BURACO DE OZÔNIO
Planeta Terra

O químico mexicano Mario Molina publicou o primeiro estudo que 
mostrava a redução na camada de ozônio da alta atmosfera, provocada 
por gases CFCs usados em refrigeradores, sprays e na indústria. O 
fenômeno aumenta nossa exposição a raios solares cancerígenos. 
Um acordo internacional de 1987 começou a eliminar esses gases.

1984

BHOPAL
Índia

O vazamento de gás de uma fábrica de pesticidas da Union Carbide, 
em Bhopal, causou a morte de 3 mil pessoas nas semanas seguintes e 
8 mil nos anos posteriores. O desastre mudou as regras de segurança 
das indústrias.

1984

CUBATÃO
Brasil

Em 24 de fevereiro, um duto de gasolina sob a favela de Vila Socó 
explodiu, matando 99 pessoas. Em 1993, surgiram denúncias de 
depósitos clandestinos de substâncias tóxicas da Rhodia. Desde então, 
as indústrias investiram US$ 1 bilhão em redução de poluentes e 
segurança.

1986

CHERNOBYL
Ucrânia

Em 26 de abril, o núcleo de um dos reatores da usina explodiu. 
A nuvem radioativa chegou à Alemanha. O acidente causou 
diretamente 50 mortes e estima-se que tenha contribuído para 
doenças letais de pelo menos 4 mil pessoas.

1987

CÉSIO-137
Brasil

Em 13 de setembro, catadores encontraram uma cápsula de césio-137, 
altamente radioativo, dentro de um aparelho médico num depósito de 
lixo em Goiânia. Nos primeiros dias, o governo do Estado escondeu o 
perigo, dizendo que era um "vazamento de gás”. No total, 249 pessoas 
foram contaminadas e 29 adoeceram. Quatro morreram.

A política ecológica
1992-2012

1992

RIO 92
Brasil

A Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável, de 3 a 14 
de junho, reuniu representantes de 172 países, entre eles 108 chefes de 
Estado. Criaram as negociações sobre clima, desertificação e 
biodiversidade. Os eventos paralelos, reunidos no Fórum Global, 
foram o primeiro grande encontro mundial de ONGs.

1996

VACA LOUCA
Europa

O uso de ração de origem animal para alimentar bovinos herbívoros 
gerou uma doença batizada de síndrome da vaca louca. Ela 
contaminou a carne, matando 166 pessoas no Reino Unido e 44 
em outros países. Alimentou o medo de uma técnica diferente: 
os transgênicos.

1997

PROTOCOLO DE KYOTO
Japão

Após anos de negociações, foi o primeiro acordo internacional para 
reduzir as emissões dos gases responsáveis pelas mudanças climáticas. 
Embora insuficiente, ainda é o único tratado em vigor.

2005

KATRINA
Estados Unidos

Atingiu o Estado da Louisiana, inundou Nova Orleans, matou 1.836 
pessoas e gerou US$ 81 bilhões de prejuízos. Foi usado como amostra 
das consequências das mudanças climáticas, embora não exista certeza 
de que o aquecimento altere a força dos furacões.

2007

IPCC
França e Bélgica

O painel, organizado pela ONU desde os anos 1990, reúne milhares 
de pesquisadores do mundo todo para estabelecer o consenso 
científico sobre o clima. Os relatórios de 2007 mostraram mais 
claramente o papel humano no aquecimento e suas consequências. 
Tornaram-se referência para empresas e governos.

2011

FUKUSHIMA
Japão

O terremoto e o tsunami que atingiram o Japão em 11 de março 
provocaram falhas nos sistemas de usina nuclear Fukushima Daiichi. 
O núcleo de três reatores fundiu. Um perímetro de 20 quilômetros 
foi evacuado. Índices de radiações subiram até Tókio. 
A crise foi controlada, mas a indústria nuclear não se recuperou.

Matéria retirada do site: 

http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2012/6/18/
a-historia-verde-da-civilizacao

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