Desde que Lola se foi há exatos três meses, que ela andava deprimida e inapetente. Em pouco tempo apareceu um tumor cancerígeno que espalhou-se pelo seu corpo e, mesmo sendo medicada, chegou sua hora. E ela se foi como as outras, suavemente, aconchegada em meus braços...
Das minhas quatro labradoras Bartira, desde que nasceu, sempre foi a mais independente. Desde bebê era a primeira a mamar e depois procurava um cantinho afastado para repousar longe da ninhada de nove bebês labradores. E falando em bebês, meu netinho Tom gostava de brincar com ela, pois ela deixava-o pegar pelas orelhas, pêlo, rabo, o que fosse! Diferente de Amora, minha poodle que detesta-o... mas isso é outra história!
Na hora de brincar e aprontar artes Bartira era a primeira a liderar as encrencas. Arrancar plantas do jardim, esburacar a terra para deitar-se no chão fresco, correr atrás das pombinhas na praça, comer abacates, mangas, goiabas, coquinhos e o que mais caísse das árvores eram tarefas diárias em seu programa. Adorava jogar bola e quando chegava na praça e via os meninos jogando uma pelada, ia correndo e tomava-lhes a bola. Os meninos não ligavam e saiam todos em correria atrás dela, que aproveitava para driblar-lhes de verdade... pura diversão!
Corajosa e fiel companheira, junto com a Diana, Mel e Lola, Bartira protegeu-me em três ocasiões em que me senti ameaçada de assalto. Dócil e amiga de todos, na hora de me defender não fazia média! Latia forte assustando o invasor! Aliás, essa gratidão devo a todas as minhas labradoras, fiéis amigas protetoras...
Uma figura e tanto! Gostava de sentar-se em cadeiras, bancos ou qualquer outro lugar onde pudesse ficar ao lado de pessoas. E fazer pose para fotos também era de seu repertório...
Quando vim para São Carlos comprei um canil ecológico para cada uma delas dormirem enquanto o canil de alvenaria não ficava pronto. Quando ficou pronto Bartira não gostou muito. Às vezes ela tirava um cochilo dentro dele, mas na hora de dormir mesmo ela preferia seu canil provisório. E foi onde fui encontrá-la esta manhã...
Bartira teve uma vida longa e feliz! Viveu doze anos e três meses entre nós humanos e deixou uma lição de "humanidade canina" com seu exemplo de alegria, fidelidade, carinho e cordialidade para com pessoas e outros animais. Bartira, minha princesa!