Foto 1 de 18 - Rios
amazônicos como o Negro e Solimões recebem, semanalmente, o navio Grand
Amazon que navega em direção ao Parque Nacional de Anavilhanas, um
labirinto de 350 mil hectares formado por 400 ilhas, na Amazônia Eduardo Vessoni/UOL
Mais do que embarcar em um cruzeiro tradicional com atividades à beira da piscina, a experiência de navegar por dias seguidos sobre aquela selva inundada é como fazer turismo contemplativo sem pressa e, ao mesmo tempo, visitar uma das regiões mais impactantes do planeta.
A viagem torna realidade aquela região que, por séculos, esteve no imaginário mundial como um destino distante e inacessível. Trilhas terrestres entre as imensas árvores da floresta Amazônica são organizadas na região do igarapé Jaraqui e são capazes de fazer explorador novato se sentir o mais experiente dos viajantes diante dos detalhes técnicos que os guias vão dando ao longo das duas horas de caminhada.
A viagem segue Amazônia adentro. Nos dias seguintes, é possível nadar em praias de rio (apenas durante o período de seca que vai de setembro a fevereiro); alimentar botos cor-de-rosa em Nova Airão e ver adulto virar criança diante desses simpáticos golfinhos de água doce; sair à caça de pequenos jacarés em passeios noturnos e navegar por igarapés onde as águas escuras desses canais costumam refletir o que se vê sobre a floresta, um dos cenários mais impactantes de toda a travessia.
Nem o clássico 'Encontro das Águas', fenômeno em que os rios Negro e Solimões correm paralelos sem se misturar, fica de fora e faz viajante preguiçoso levantar mais cedo para ver a última atração da viagem antes do desembarque em Manaus.
E se a paisagem que passa lenta do lado de fora não é suficiente, o navio costuma variar a programação com eventos que parecem quebrar todos os paradigmas sobre cruzeiros. Bem longe das mesas redondas em livrarias e dos debates literários, um grupo seleto de escritores quebrou a rotina da tripulação em maio último e, durante seis dias, se reuniu com leitores para protagonizar um inusitado encontro que, mais do que fazer análises profundas de teorias literárias, levaram novas histórias para aquelas terras amazônicas com um certo gosto inato para contar lendas.
Organizado pela Livraria da Vila, o evento 'Navegar é Preciso' levou para dentro do navio autores estrelados da literatura como os brasileiros Laurentino Gomes, Cristovão Tezza, Ilan Brenman e Mary del Priore, além do angolano José Eduardo Agualusa. O grupo Mawaca, que pesquisa canções ancestrais apresentou uma oficina sobre seu processo criativo.
“O que parecia uma impossibilidade se transformou em uma única viagem que reuniu literatura, música e turismo”, descreve Samuel Seibel, dono da Livraria da Vila.
A programação das próximas saídas literárias ainda não está fechada e será divulgada em breve pela própria livraria. Enquanto isso, navio e passageiros seguem viagem contemplativa. Afinal de contas, naquelas terras amazônicas, navegar é preciso e virou até produto turístico.
Fonte: UOL Notícias
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