Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito dele e o lance a outro;
de um outro galo que apanhe o grito
de um galo antes e o lance a outro;
e de outros galos que com muitos outros galos
se cruzem os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
E se encorpando em tela,
entre todos, se erguendo tenda,
onde entrem todos,
se entretendendo para todos,
no toldo (a manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo que,
tecido, se eleva por si: luz balão.
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito dele e o lance a outro;
de um outro galo que apanhe o grito
de um galo antes e o lance a outro;
e de outros galos que com muitos outros galos
se cruzem os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
E se encorpando em tela,
entre todos, se erguendo tenda,
onde entrem todos,
se entretendendo para todos,
no toldo (a manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo que,
tecido, se eleva por si: luz balão.
(A Educação pela Pedra) João Cabral de Melo Neto
Enviado pelo amigo Paulo Roberto RodriguesFoto Vera - Cardoso, SP
Clique no título acima para assistir um belo vídeo com Ilton Jardim tocando ao piano "O Despertar da Montanha", composição de Eduardo Souto e Francisco Pimental
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