Eu sempre amei as árvores, elas sempre fizeram parte de minha vida. Quando criança morei em uma casa no Cambuí com jardim e um grande quintal de terra batida, com um galinheiro onde meu pai criava patos e galinhas, e algumas árvores frondosas.
Lembro-me do abacateiro, alto e esguio que, anualmente, costumava carregar-se de frutos grandes e saborosos. Como era muito alto, não tínhamos como subir nele. Os abacates eram retirados com uma comprida vara de bambú com uma lata na ponta. Mamãe amassava os abacates maduros com leite e açucar, punha uma pitadinha de licor de cacau, e tínhamos uma deliciosa sobremesa para o lanche.
Havia outras árvores menores que ficavam floridas e esparramavam seu perfume ao luar, mas nessa época eu não tinha muita afinidade com elas, pois não dava para subir, seus galhos eram frágeis. Minha árvore predileta era um pinheiro antigo, cheio de galhos por onde subía até alcançar - em minha fértil imaginação infantil - o céu azul cristalino.
Lá em cima, meu irmão, eu e os/as amiguinhos/as quedávamo-nos, cada um encarapitolado/a em um galho, admirando os arredores do quarteirão, os telhados e os quintais das casas vizinhas. Vez por outra aparecia um ninho de passarinhos em um dos galhos, que observávamos com olhos de cientistas para ver os ovinhos transformarem-se em famintos filhotinhos... E inventávamos histórias onde eramos heróis e heroínas, aventureiros/as destemidos/as, cada um/uma com uma bravata mais mirabolante para contar.
Mudamo-nos dessa casa quando eu estava com cerca de 8 anos e fomos morar ao lado do Bosque dos Jequitibás. Aí sim, minhas aventuras nas árvores expandiram-se, pois havia muito mais espaço e muito mais árvores para explorar. Eu gostava de me pendurar nos fortes cipós para balançar ao vento; havia árvores carregadas de uvaias amarelas e adocicadas para saborear, outras carregadas de roxas amoras que manchavam a roupa, as quais, muitas vezes, jogávamos fora para que nossas mães não vissem o estrago e ralhassem conosco; jaboticabeiras, coquinhos, frutas do conde, ameixas...
Nessa época minha heroína preferida era uma tal de Sheena, a rainha da selva! Pode? Pois imitando a tal Sheena, eu subia nas árvores sem medo de cair e me quebrar, escondendo-me dos vigias do bosque que proibiam esse tipo de brincadeiras. Bebíamos água da fonte, imitávamos os macacos, conversávamos com as araras, os pavões e as siriemas...
Época feliz onde não faltavam árvores nos quintais ou nas ruas para gáudio e felicidade das crianças que aproveitavam cada segundo da infância para aventurar-se, cheios de imaginação, pelo mundo afora das brincadeiras. Acho que por isso ainda conservo esse amor especial pelas árvores!
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