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segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

REFLEXÃO PARA 2012




Prédica – Marcos 4.8-14

"Então o Espírito conduziu Jesus no deserto para o diabo lhe tentar."

Os caminhos mais difíceis se andam a sós.
A decepção, a perda e o sacrifício são solitários.
Mesmo aquela pessoa morta, que atende aosseus apelos 
e se abre a toda exigência agora não lhe socorre.
Ela fica observando se conseguiremos superar...
As mãos dos viventes se estendem sem nos alcançar.
Elas parecem ramos de árvores no inverno, 
quando os passarinhos se calam.
Você só escuta o seu próprio passo 
que não foi dado ainda pelo teu pé, mas o deve fazer, 
porque nada lhe ajudará ficar parado e olhar para trás.
Temos que seguir nosso próprio caminho,
acendendo uma vela como nas cavernas antigas, 
onde apenas a luz respira.
Porém se ficar andando por um bom tempo,
o milagre chegará.
Porque o milagre acontece sempre, 
e como não podemos viver sem a bondade de Deus, 
a vela se acenderá mais forte, 
e na luz do dia entrará o sol; 
na sua frente você a soprará com um sorriso;
o sol em sua frente se estenderá à cidade em meio a jardins floridos.
Na sua casa a mesa estará posta com uma toalha branca 
e os viventes – que um dia perderá – 
e os mortos que nunca te perderão 
vão dividir o pão com você e lhes oferecerão vinho 
e você escutará suas vozes novamente – bem perto do seu coração.

Hilde Domien (1912 – 2006)


Este texto/poema foi traduzido por D. Renate para o grupo de mulheres. Lembrei-me dele ao preparar a nossa reflexão de hoje.  João Batista foi para o deserto e a partir do deserto chamou as pessoas a viver uma vida nova. Arrependimento não se faz no meio da multidão em festa, mas na solidão, no processo de rever a vida e as atitudes perante ela. São nos desertos da vida – momentos de reflexão por causa de uma doença, de uma perda significativa, de uma mudança necessária, que crescemos, mudamos a direção, transformamos nossas vidas e atitudes. 

São momentos pelos quais todos passamos e, as vezes, mais de uma vez na vida. Desertos são necessários, pois deles saímos renovados. Mas não dá para viver no deserto sempre, pois aí ele se transforma em doença. Quem está no deserto precisa recobrar a esperança, olhar para o horizonte e ver nele novas possibilidades.  No deserto João batizava e conduzia as pessoas à uma vida nova. Jesus também foi para o deserto e se deixou batizar por João. E depois de batizado adentrou o deserto por 40 dias.

(40 dias - indica um tempo necessário de preparação para algo novo que vai chegar: 40 dias e quarenta noites do dilúvio (Gn7,4.12); 40 dias e 40 noites passa Moisés no Monte (Ex 24,18; 34,26; Dt 9,9-11; 10,10); 40 anos foi o tempo da peregrinação pelo deserto (Nm 14,33; 32,13; Dt 8,2; 29,4,etc.); Jesus jejuou 40 dias antes de começar o seu ministério (Mt 4,2; Mc 1,12; Lc 4,2); Ascensão de Jesus acontece 40 dias depois da Ressurreição).

O tratamento médico, a saudade, o luto, levam tempo para passar e para a vida recomeçar. A Bíblia chama esse tempo de provação, tentação... Importante é respeitar esse tempo, mas sem perder a fé e a esperança.

O evangelho de Marcos diz que com Jesus no deserto havia animais selvagens ( sinal de perigo) e que os anjos cuidavam dele. Também em nossos desertos, em meio aos perigos e ameaças que sofremos, anjos cuidam de nós. São os médicos, os amigos, a comunidade em oração... Gente que às vezes nem conhecemos ou percebemos sua presença.

E o texto segue dizendo que “depois que Jesus saiu do deserto seguiu para a região da Galiléia e ali anunciava a boa noticia que vem de Deus.” Jesus se deixou batizar – e ao ser batizado veio do céu uma voz que disse: “Tu és o meu filho querido e me dás muita alegria” - e depois foi conduzido pelo Espirito Santo para o deserto, e de lá saiu fortalecido.

Nós somos batizados, e por isso, mesmo em nossos desertos podemos nos agarrar a ele lembrando que não estamos sozinhos. No batismo Deus nos agracia com o seu amor infinito. Também nós somos queridos e amados por Ele. Através do batismo nos tornamos parte de uma comunidade de fé que se compromete a nos acompanhar e apoiar em toda nossa vida. Somos pessoas batizadas para viver em comunidade. Não importa onde quer que estejamos, em qualquer parte do mundo, a comunidade cristã tem o compromisso de acolher os batizados. 

Estamos iniciando um novo ano. Temos planos, sonhos e desejos…  Não sabemos o que vai acontecer ou o que vamos poder concretizar, mas a fé nos impulsiona a caminhar, seguir adiante levando a boa notícia do reino que Jesus anunciou e que já está no meio de nós.

Assim como os reis magos do oriente caminharam guiados por uma estrela no céu,  
somos convidados e desafiados a caminhar este novo ano. Haverá sempre uma Estrela no caminho de quem busca. Uma luz que brilha!


“Porque o milagre acontece sempre, e como não podemos viver sem a bondade de Deus, a vela se acenderá mais forte, e na luz do dia entrará o sol…”

Que assim seja a nossa fé. Amém!

Pa. Neusa Tetzner

Enviado pela Pastora Neusa por e-mail

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