Ricardo Amorim
Os efeitos nocivos da corrupção são muitos e óbvios. Olhando apenas o lado econômico, ela prejudica a eficiência do gasto público e desestimula investimentos, reduzindo o crescimento, a geração de emprego, os serviços como educação e saúde, e a renda da população.
Estimar seu custo não é fácil. Corrupto não passa recibo, pelo menos não na maioria das vezes. Ainda assim, várias tentativas foram feitas para mensurar quanto é desviado da atividade produtiva através de atos corruptos no Brasil e no mundo.
Ainda que imprecisas, estimativas indicam que a corrupção reduz nosso PIB em até 2,3%, desviando, em valores atuais, cerca de R$ 100 bilhões da economia brasileira todo santo ano. Se esse dinheiro não fosse surrupiado, seria possível ampliar em sete vezes o Bolsa Família. Outra opção seria dobrar os investimentos públicos em infraestrutura, melhorando estradas, ferrovias, portos, aeroportos. Outra ainda seria abolir o Imposto de Renda sobre rendimentos do trabalho, aumentando o poder de consumo de cada um dos brasileiros. Mais uma seria extinguir o IPI e o IOF, tornando produtos e financiamentos mais baratos no País.
Infelizmente, nada disso acontecerá. Pior, essas estimativas abrangem apenas custos mensuráveis. Além deles, há custos incomensuráveis significativos. Um deles é a perda do foco de outros problemas que limitam nosso crescimento. Enquanto o País acompanha a novela do julgamento do mensalão e a CPI do Cachoeira, projetos de reformas fundamentais não são nem discutidos no Congresso.
Outro custo incalculável é a desconfiança que se lança sobre o lucro, o qual deve ser um dos principais motores de qualquer economia capitalista saudável. Quanto mais o governo se envolve em atividades econômicas, mais suspeitas - corretas ou não - recaem sobre sucessos empresariais, com menos incentivo ao empreendedorismo, e como consequência menos crescimento, riqueza, empregos.
Corrupção não é exclusividade brasileira. Estima-se que, neste ano, o mundo perderá R$ 2,5 trilhões, equivalentes à metade de tudo que será produzido no Brasil. Eliminá-la completamente é uma utopia, mas inúmeros casos de sucesso em reduzi-la em outros países, mostram que combatê-la ferozmente vale muito a pena.
Ricardo Amorim é economista, apresentador do programa "Manhattan Connection", da Globonews, e presidente da Ricam Consultoria - Última Palavra / Isto é 2233 29/8/2012
sábado, 25 de agosto de 2012
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