Descobri que tenho um belo pica-pau de cabeça vermelha que todas as manhãs vem afiar o bico no poste defronte de casa. A partir das seis horas o som peculiar do seu bico batendo na madeira: toc toc toc toc toc toc toc já começa a se fazer ouvir. Em seguida os bem-te-vis iniciam sua cantoria com trinados belos e fortes, acompanhados pelos maviosos sabiás, os pintassilgos, os joão-de-barro, as rolinhas... e as maritacas em revoada completam a sinfonia matinal.
Minhas cachorras acordam, começam a se espreguiçar e logo se põem a arranhar a porta da área de serviço para me avisar que estão com fome. O sol também começa a dar o ar da sua graça espraiando seus raios dourados e, assim começa o meu dia! É hora de levantar!
Gosto de pensar que o pica-pau escolheu - dentre tantas árvores que tenho ao redor de casa - justamente a madeira do poste para bicar devido à sua feiura. Com seu emaranhado de fios expostos, o poste não oferece nenhuma beleza e, não raras vezes, também não serve ao propósito a que se propõe. As lâmpadas vivem se apagando e deixando de iluminar a rua, devido ao mau serviço exercido pela concessionária de energia elétrica que mantém um equipamento obsoleto, arcaico.
Como o pica-pau é persistente e sua tarefa estende-se pelas manhãs afora, torço para que ele consiga - mesmo sabendo que é uma tarefa impossível! - um dia derrubar o poste! Assim como torço para termos fiação aterrada que nos dê um visual mais limpo e claro deste céu azul do nosso Brasil varonil. E o pica-pau? Ele voltará a afiar seu bico nas árvores mesmo, como a Natureza previu!
Vera Chvatal
sexta-feira, 10 de agosto de 2012
O PICA-PAU DE CABEÇA VERMELHA...
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