Vera Chvatal
Um dos sentimentos mais fortes do ser humano, a raiva tem sua origem no ego, aquela porção dentro de nós que sempre quer levar a melhor numa discussão, que não pode jamais deixar uma ofensa sem resposta e que se preocupa demais com o julgamento dos outros a nosso respeito.
A raiva está associada à impotência e à frustração. Costuma irromper quando nosso desejo é contrariado, quando nos sentimos desprezados, diminuídos ou desvalorizados. E não existe nada mais destrutivo que um sentimento de raiva não controlado, pois pode levar à violência e ao abuso verbal ou emocional. Geralmente traz dor e sofrimento para aquele que a está sentindo e para aquele(es) sobre quem ela está sendo expressada. Mas a raiva não é só isso. Ela é também um mecanismo de defesa – conjunto de operações efetuadas pelo ego frente aos perigos que vêm do id, do superego e da realidade externa. E as condutas defensivas não são exclusivamente da patologia, normalmente elas contribuem para o ajustamento, adaptação e equilíbrio da personalidade. Nesse sentido a raiva é importante, pois sem ela permitiríamos que os outros passassem, a bel prazer, por cima de nossos desejos.
Entretanto quando esse sentimento é freqüente e incontrolável, torna-se um problema. No momento da explosão, os hormônios se desequilibram e a pressão arterial aumenta, assim como os batimentos cardíacos. A corrente sanguínea é inundada por adrenalina, que provoca a contração dos vasos sanguíneos e pode levar à hipertensão e ao infarto.
Além disso, a raiva também libera de duas a cinco vezes mais cortisol, o hormônio do estresse, que é altamente tóxico ao corpo. Essa substância pode desencadear sérios problemas de saúde, como ataque cardíaco, câncer, derrame, diabetes e depressão. Assim sendo, é preciso aprender a controlar a raiva, impedindo-a de atuar sobre nós de forma irracional.
Reconhecer que estamos com raiva é uma forma de começarmos a lidar melhor com esse sentimento. Para isso é preciso uma atenção permanente e um exercício de observação interior minucioso para nos ajudar a controlar a raiva e a analisar exatamente, a cada momento, qual a verdadeira razão que se esconde por trás de nossa raiva. Pois é muito comum jogarmos a culpa sobre os outros pelas nossas explosões de raiva, negando a nossa responsabilidade sobre o nosso próprio comportamento.
Eis algumas dicas para aprender a controlar a raiva:
1. Fazer exercícios respiratórios inspirando vigorosamente pelas narinas e soltando o ar lentamente. Repita algumas vezes até sentir-se melhor.
2. Exercícios físicos para desfazer a tensão e relaxar, tais como caminhada, corrida, dança, ajudarão a liberar o excesso de energia provocado pelo aumento da adrenalina no sangue.
3. Gritar duas ou três vezes, não se esquecendo de fechar a porta e colocar um travesseiro sobre a boca para não assustar familiares e vizinhos. Isso compensa, de alguma forma, a vontade de dizer palavras pesadas para o ofensor.
4. Conversar com alguém, um(a) amigo(a), familiar, terapeuta. Falar sobre o que provocou a raiva ajuda a colocar as coisas sob uma nova perspectiva, traz alivio, esfria a cabeça e aquieta o coração.
5. Não é errado sentir raiva, mesmo de quem amamos. Por isso não tente engolir a raiva entupindo-se de doces, chocolates, pães ou bolachas; essa compensação só vai aumentar o sentimento de raiva e culpa.
6. Contar até dez, vinte ou até cem! Isso dará tempo para a estimulação emocional arrefecer.
7. Se tem alguma religião, é espiritualizado(a), ore, reze, peça paciência, compreensão e tolerância para ajudar a elaborar e superar o sentimento de raiva, frustração e impotência.
8. Procure analisar o porque, como e quando você fica com raiva e tente evitar e/ou controlar as circunstâncias que criam essas situações.
9. Quando estiver relaxado(a) exponha a sua raiva, sem brigar, para quem a provocou e tente ver sob a ótica dele(a).
10. Perdoe a si próprio(a) e ao outro(a), lembrando-se de que ninguém é perfeito!
Todas essas atitudes ajudarão a evitar os efeitos danosos da raiva e da irritabilidade, preparando para atitudes mais amáveis e saudáveis.
Acredite nisso, acredite em você! Você consegue!
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