Vera Chvatal
Quando se cala o desejo e a vontade se aquieta, o mundo manifesta-se enquanto pura idéia. E nesse momento, o mundo é belo, distanciado que fica da luta pela existência, transformando-se no mundo da arte, da beleza, da criação.
Segundo W.R. Bion (psicanalista inglês, nascido na Índia) a imaginação criativa precisa conter a capacidade de correr riscos; a idéia nova tem uma força disruptiva dentro do grupo em que se apresenta.
Até se transformar em ciência, em objeto de arte, ou de artesanato, a idéia nova passa por momentos de fragmentação, desorganização, ambivalência, sofrimento e, muitas vezes, frustração.
O único caminho é o da intuição, que está reforçado pelo sentimento de que por trás das aparências, existe uma ordem.
A intuição é o que prevalece. Não tem caminhos lógicos para a descoberta das leis fundamentais.
Deve ser por isso que o cientista Albert Einstein dizia que suas descobertas provinham de 1% de inspiração e 99% de transpiração!
Aléxis Carrel (1873 -1944) famoso biologista francês disse que “a intuição está muito próxima à clarividência, é uma percepção extra-sensorial da realidade”.
Assim pode-se afirmar que a intuição é a possibilidade que temos de captar informações sem esbarrar em obstáculos nem de tempo, nem de espaço.
E como um pensamento puxa o outro, lembrei-me de uma tarde ensolarada de verão, em que, entrando na cozinha vi um sanhaço pousado sobre a fruteira bicando uma banana.
Ele já havia comido uma fita de casca da banana e mergulhava o bico na polpa branca e macia.
Ao me ver, voou para fora pousando sobre um galho de árvore no quintal, de onde ficou a observar-me.
Resolvi deixá-lo voltar e acabar de comer a banana já toda bicada e saí de mansinho para não assustá-lo mais.
Naquele momento de rara beleza, em que nossos olhares se cruzaram cheios de cumplicidade, deixei-me inundar pela poesia que a sua ousadia me suscitou:
Naquela ensolarada tarde de verão
o quente ar por todos os poros e porões se espraiava.
A porta da cozinha aberta, arejava
o fresco chão, onde o preto cão dormitava.
Subitamente, um lustroso azulado pássaro se achegou,
desavergonhadamente na fruteira pousou
a banana bicou e, degustou-a macia.
Quem te convidou, doce pássaro azul, lustroso, bicão?
Adentrar na minha calma e formosa cozinha,
onde fúlgidos raios de sol iluminam
minam minha doce-amarga solidão?
Empresta-me tuas azuladas asas lustrosas
para elevar-me e voar em liberdade
sobranceira, rumo à eterna e etérea imensidão
infinitamente azul!
Doce pássaro da liberdade
parceiro veraz, voraz, azul… volte!
Te espero e já antevejo na amplitude do céu
teu flanar lustroso, azulado, volátil...
Docemente, infinitamente altaneiro,
pássaro-amigo, sanhaço azul!
o quente ar por todos os poros e porões se espraiava.
A porta da cozinha aberta, arejava
o fresco chão, onde o preto cão dormitava.
Subitamente, um lustroso azulado pássaro se achegou,
desavergonhadamente na fruteira pousou
a banana bicou e, degustou-a macia.
Quem te convidou, doce pássaro azul, lustroso, bicão?
Adentrar na minha calma e formosa cozinha,
onde fúlgidos raios de sol iluminam
minam minha doce-amarga solidão?
Empresta-me tuas azuladas asas lustrosas
para elevar-me e voar em liberdade
sobranceira, rumo à eterna e etérea imensidão
infinitamente azul!
Doce pássaro da liberdade
parceiro veraz, voraz, azul… volte!
Te espero e já antevejo na amplitude do céu
teu flanar lustroso, azulado, volátil...
Docemente, infinitamente altaneiro,
pássaro-amigo, sanhaço azul!