Vera Chvatal
Quinta feira, 12 de junho, um belo dia de final de outono!
O sol brilha trazendo calor em seus raios dourados e o céu azul e translúcido espraia-se como um manto de noiva sobre a terra. O tempo passa devagar, monótono, fazendo um convite ao devaneio.
Insidiosamente sinto-me invadir por um sentimento de nostalgia, trazendo em seu bojo saudades de um tempo que já se foi e não volta mais, saudades de pessoas que há muito não vejo e que não mais verei, saudades de algo que podia ter sido e não foi!
Vocês já sentiram nostalgia? Aquele obscuro e sutil sentimento que vai invadindo a alma devagarinho, de mansinho, trazendo um misto de insatisfação, dor e saudades? De algo indefinível, que não se sabe explicar bem… mas, perceptível!
Muitas vezes nem sabemos do que temos saudades ou de onde vem essa nostalgia, mas ela está lá, fazendo-se sentir, fazendo-se presente.
Saudades… presença de uma ausência. Uma ausência quer se faz presente no coração, na alma. Uma presença subjetiva. A pessoa amada se faz presente pela lembrança, pelo desejo que em nós provoca, de tê-la junto.
Desejo de possuir a sua presença de corpo e alma… Não queremos pouco!
E a nostalgia? Que sentimento é esse? Algia, elemento composto do grego algós que significa dor, e nos, forma oblíqua do pronome pessoal nós, define a palavra nostalgia como “nossa dor”.
Nostalgia é a dor produzida no exilado pelas saudades do lugar deixado para trás… A pátria, o útero materno, o coração de Deus! Exilados da nossa primeira pátria, o paraíso, sofremos de nostalgia. Exilados do grande útero universal, o Cosmo, sofremos de nostalgia…
“Amo-te com eterno amor!” (Jer 31,3). Diz o profeta que antes mesmo de nascermos já existíamos no coração de Deus.
A energia vital, pulsante, que promove a maravilhosa dança dos universos, onde corpos celestes fazem um paux des deux na poeira de estrelas, já nos amava e nos chamava à vida, desde sempre!
Na internet pode-se ver as fotos tiradas pelo Hubble, o gigantesco telescópio que sonda o espaço sideral com suas lentes possantes. De uma beleza indescritível, um arco íris de cores se destacando no negrume espacial, formando estrelas, cometas, satélites, meteóros, galáxias, nebulosas, buracos negros, universos sem fim…
Dizem que somos feitos de poeira de estrelas, isto é, somos feitos da mesma matéria que compõe as estrelas. Se o universo é o coração de Deus, se existimos desde sempre no coração divino como afirma o profeta, então essa nostalgia, essa saudades, essa dor do exilamento faz sentido.
“Como a corça anseia pelas águas vivas, minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando irei contemplar a face de Deus?” (Sl 41, 2-3) geme o salmista.
E por falar em anseio, para quem tem namorado hoje é o dia especial para comemorar esse fato.
E, para quem não tem, fica a saudades de um amor que se foi, ou a nostalgia do lugar perdido no coração amado!
E, como um assunto puxa o outro, lembrei-me de ter lido recentemente um artigo sobre a vida sexual das drosófilas.
Conhecem as drosófilas? Bem, para quem não sabe, drosófilas são aquelas mosquinhas, pequenininhas, chatinhas, que ficam volteando ao redor das bananas maduras.
Pois bem, o ato sexual das drosófilas obedece a um ritual bem definido. E muito interessante!
Quando o macho quer transar ele aproxima-se da fêmea, encosta a perna na dela e toca uma música com as asas, para enternecê-la. Quando a música termina, ele lambe o sexo da fêmea. E depois, somente depois, copula com ela durante vinte minutos. Rigorosamente!
Que romântico! O amor é lindo! Feliz Dia dos namorados.
“Ah! Beija-me com os beijos de tua boca! Porque os teus amores são mais deliciosos que o vinho, suave é a fragância de teus perfumes…” (Cânt 1,2-3)
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