Carlos Drummond de Andrade
Entre o gasto dezembro e o florido janeiro, entre a desmistificação e a expectativa, tornamos a acreditar, a ser bons meninos, e como bons meninos reclamamos
a graça dos presentes coloridos.
Nossa idade - velho ou moço - pouco importa.
Importa é nos sentirmos vivos
e alvoroçados mais uma vez, e revestidos de beleza,
a exata beleza que vem dos gestos espontâneos
e do profundo instinto de subsistir
enquanto as coisas ao redor se derretem e somem
como nuvens errantes no universo estável.
Prosseguimos. Reinauguramos. Abrimos os olhos gulosos
a um sol diferente que nos acorda para os
descobrimentos.
Esta é a magia do tempo
esta é a colheita particular
que se exprime no cálido abraço e no beijo comungante,
no acreditar na vida e na doação de vivê-la
em perpétua procura e perpétua criação.
E já não somos apenas finitos e sós.
Somos uma fraternidade, um território, um país
que começa outra vez no canto do galo de 1º de janeiro
e se desenvolve na luz do seu frágil projeto de felicidade.
Recebido da amiga Sonia Rezende
Foto Vera Chvatal
Nenhum comentário:
Postar um comentário