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quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

CANÇÃO DA PLENITUDE


Lya Luft

Não tenho mais os olhos de menina
nem corpo adolescente, e a pele
translúcida, há muito se manchou.
Há rugas, onde havia sedas,
Sou uma estrutura agrandada pelos anos
e o peso dos fardos bons e ruins.
(Carreguei muitos com gosto
e alguns com rebeldia)

O que te posso dar é mais que tudo
o que perdi: dou-te os meus ganhos.
A maturidade que consegue rir,
quando em outros tempos choraria,
busca te agradar quando antigamente
quereria apenas ser amada.

Posso dar-te muito mais do que a beleza
e juventude agora: esses dourados anos
me ensinaram a amar melhor,
com mais paciência
e não menos ardor,
a entender-te se precisas,
a aguardar-te quando vais,
a dar regaço de amante
e colo de amiga,
e sobretudo a força que vem do aprendizado.

Isso posso te dar: um mar antigo e confiável
cujas marés- mesmo se fogem – retornam,
cuja correntes ocultas não levam destroços,
mas o sonho interminável das sereias.

Foto Vera Chvatal, Ilha Grande/Angra dos Reis

3 comentários:

ney disse...

Belo texto, deliciosas músicas, exuberante paisagem na foto. ney///

Anônimo disse...

Oi Vera

Lindo o lugar...bela a poesia..

Bjs Irene

Anônimo disse...

Querida Vera,

Que belos versos!
A poesia realmente torna nossa vida mais significativa!
Parabéns
Um abraço saudoso,

Sonia