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terça-feira, 27 de abril de 2010

CENÁRIO XXI - ÁGUA PARA TRÊS SÉCULOS DE CONSUMO

Patrícia Azevedo
DA AGÊNCIA ANHANGUERA
patricia.azevedo@rac.com.br


Pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA) apresentaram um estudo que revela que o Aquífero Alter do Chão é o maior depósito subterrâneo de

 água potável do mundo. A reserva está localizada sob os estados do Amazonas, Pará e Amapá e tem 86 mil quilômetros cúbicos de água doce, volume suficiente para abastecer toda a população do mundo durante mais de 300 anos. “O aquífero já era conhecido há várias décadas, o que a gente não conhecia era o volume de armazenamento. Um grupo de cientistas fez uma sistematização dos dados e nós estamos convencidos de que se trata do maior”, conta o geólogo Milton Matta, que coordenou o estudo.

A reserva Alter do Chão tem quase o dobro do volume de água potável do Aquífero Guarani, considerado até então o maior do País.

O Guarani, localizado sob oito estados brasileiros, inclusive o Interior de São Paulo, e três países (Argentina, Paraguai e Uruguai), tem uma reserva 45 mil quilômetros cúbicos de água.

Segundo especialistas, a descoberta deixa o Brasil em uma posição tranquila com relação ao abastecimento de água no futuro. De acordo com o geógrafo e especialista em recursos hídricos da Unicamp, Wilson José Figueiredo Alves Junior, a água do reservatório pode ser usada para abastecer não só os estados do Norte e Nordeste, mas outras regiões do Brasil. Ele conta que a água desses reservatórios é bem mais limpa que a dos rios e está menos sujeita à contaminação. “Essas reservas são estratégicas e vão abastecer o País no futuro”, afirma Alves Júnior.

O pesquisador da UFPA diz que há poucos estudos sobre o reservatório localizado na Amazônia porque a água na região é abundante. “Geralmente as verbas para pesquisas em recursos hídricos vão para o Sudeste. Vamos buscar financiamento no Banco Mundial e em outras instituições porque estamos convencidos da importância de estudar esse aquífero”, comenta Alves Júnior.

A ideia dos pesquisadores é formar um retrato fiel do aquífero, estruturar um plano de preservação dos recursos hídricos e definir a melhor forma de exploração da água.

Na primeira fase da pesquisa, que custará cerca de US$ 300 mil e durará oito meses, os pesquisadores vão sistematizar os dados sobre o reservatório, fazer o cadastramento de poços e mensurar a profundidade deles.

A segunda fase do levantamento vai durar cinco anos e foi orçada em US$ 5 milhões. Nessa etapa, será feito um minucioso estudo usando geofísica e sensoriamento remoto para monitorar as características hidrológicas e hidrodinâmicas, capacidade da água se mover dentro do reservatório, do aquífero em toda sua extensão. O trabalho inclui análise da qualidade da água e da porosidade do solo (capacidade de armazenamento).

Também será feita a coleta de informações sobre poços artesianos localizados na área do aquífero para que os cientistas avaliem o potencial de vazão e, com isso, possam mensurar a capacidade de abastecimento da reserva e calcular a melhor forma de exploração da água.

“Esse estudo é importante porque vai embasar o desenvolvimento de um plano de preservação e exploração do aquífero”, diz Matta.

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