NOSSO LAR, O PLANETA TERRA...

Vera Chvatal

Desde os tempos imemoriais que o ser humano tem demonstrado necessidade de deixar sua marca no espaço onde habita, registrando sua passagem pelo mundo e demarcando assim seu domínio territorial. 

Na França, nas Cavernas de Lascaux, foram descobertos em 1942 desenhos pré-históricos feitos por antigos antepassados nossos que habitaram aquele espaço há mais de 15 mil anos. Em vários outros lugares do mundo, inclusive no Brasil, também foram encontrados desenhos feitos há milênios. 

Essas pinturas e desenhos rupestres diferem umas das outras, cada uma contando uma história particular e demonstrando esse impulso ancestral de nos diferenciarmos dos demais, personificando o ambiente em que vivemos. Denota uma forma de comunicar algo ao grupo social, decorando o espaço em que habitamos.

“Lar” é uma palavra que simboliza casa, família, moradia, abrigo, propriedade e afetos. É um espaço de memórias e imagens, desejos e sentimentos, passado e presente. É também o espaço onde realizamos rituais e expressamos nossos ritmos pessoais de todos os dias. E como somos seres singulares, cada um de nós possui uma forma particular de imprimir sua marca no espaço onde habita, desvelando assim, nossa personalidade e seus aspectos emocionais.

Uma casa passa a ser um lar somente após um processo etológico de domínio territorial, de apropriação espacial.  Da mesma forma que nossos primevos antepassados decoravam suas cavernas com desenhos onde contavam suas histórias e experiências de vida, hoje decoramos nossa casa de forma a que os objetos nela contidos possam imprimir um sentido especial àquele espaço, tornando-o mais significativo para nós e refletindo, como um espelho, nossa imagem e semelhança.

“Existe relação entre nossos hábitos e nossas habitações, entre o interior de nossas vidas e o dos lugares onde vivemos” (James Hillman).  Nosso lar é aquilo que fazemos dele: pode ser um lugar aconchegante e cheio de vida ou um espaço de dor e destruição.

Por outro lado, habitamos em um Planeta a quem denominamos de Gaia, Terra. É o nosso “lar coletivo”, comunitário, onde, como espécie humana, demarcamos nosso território e deixamos nossa marca. E que marcas estamos deixando em nosso “lar coletivo”? De aconchego, cuidados e vida? Ou de destruição, devastação e morte? Que imagem o espelho está refletindo de nossa humanidade, enquanto espécie que domina o planeta?

Eventos climáticos e violentos da Mãe Natureza sempre se fizeram presentes ao longo da história de nossa civilização.  Porém, até que ponto os atuais terremotos,  inundações, furacões e tornados refletem nossa atuação no mundo? Algo para se pensar e tomar providências urgentes a respeito!