Fica aquela sensação de que o tempo passa, se esvoaça e eu nada
faço. Nos finais de semana é assim, um ócio, um desconforto, um simulacro de
fazer a se perder, as infindáveis horas de lazer. Lazer! Que lazer? Solidão é
isso, tempo demais, tempo de sobra, tempo imprudente, que pouca gente sabe
querer...
Dentro de mim mora um anjo, doce anjo que se chama solidão. Ouço
o ruflar de suas asas, na cadência suave do coração. Seduziu-me esse anjo
que em mim mora, companheiro nas indolentes mortas horas...
E quando o sol finalmente vai-se pondo no horizonte vermelho, violáceo, sombrio, engolindo
toda luz que se traduz no anoitecer, do dia esmorecer, da vida a perecer, na
solidão sem fim do fim de semana que se foi, sem perceber que o querer era
outro que não esse desfazer...
Solidão, solitária, temerária, ordinária, quem diria,
enfim? Fim!
Vera Chvatal
Foto Egberto/ Campinas ao entardecer
Vera Chvatal
Foto Egberto/ Campinas ao entardecer
2 comentários:
Vera,
Essas infindáveis horas do nada são o acontecimento do nosso entardecer.
Saudades.
Marô
a foto está bela e nostálgica, né?
(coisas de nossas almas no outono...)
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