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domingo, 27 de março de 2011

DOMINGO À TARDE...



Fica aquela sensação de que o tempo passa, se esvoaça e eu nada faço. Nos finais de semana é assim, um ócio, um desconforto, um simulacro de fazer a se perder, as infindáveis horas de lazer. Lazer! Que lazer? Solidão é isso, tempo demais, tempo de sobra, tempo imprudente, que pouca gente sabe querer...
Dentro de mim mora um anjo, doce anjo que se chama solidão. Ouço o ruflar de suas asas, na cadência suave do coração. Seduziu-me esse anjo que em mim mora, companheiro nas indolentes mortas horas...
E quando o sol finalmente vai-se pondo no horizonte vermelho, violáceo, sombrio, engolindo toda luz que se traduz no anoitecer, do dia esmorecer, da vida a perecer, na solidão sem fim do fim de semana que se foi, sem perceber que o querer era outro que não esse desfazer... 
Solidão, solitária, temerária, ordinária, quem diria, enfim? Fim!

Vera Chvatal


Foto Egberto/ Campinas ao entardecer

2 comentários:

Maro disse...

Vera,

Essas infindáveis horas do nada são o acontecimento do nosso entardecer.

Saudades.

Marô

Eg disse...

a foto está bela e nostálgica, né?
(coisas de nossas almas no outono...)