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domingo, 9 de outubro de 2011

AS ÁRVORES E A SAÚDE MENTAL




Vera Chvatal

Interessante estudo realizado pelo Centro Médico da Universidade Vrije, em Amesterdam, Holanda e publicado no “Journal of Epidemiology and Community Health” demonstra a correlação entre saúde e espaços verdes. Analisando dados de cerca de 350 mil pessoas que moravam próximo de jardins, parques e de outros espaços arborizados, constatou-se que estes apresentavam menos doenças do que os habitantes de áreas mais distantes de espaços arborizados. A análise teve por base o cruzamento de dados entre os registros médicos das pessoas e os códigos postais da área de residência. Através dos códigos postais, os investigadores determinaram a percentagem de espaços verdes existentes dentro de aproximadamente dois quilômetros da casa de cada pessoa.

Para a análise foi avaliada a prevalência de 24 patologias. Em relação à saúde mental, foi verificado que, entre os habitantes de locais em que num raio de um quilometro apenas 10% da área estava ocupada por espaços verdes, a taxa de distúrbios de ansiedade era de 26 por mil habitantes. Esse número caía para 18 entre os que viviam num ambiente 90% arborizado. A relação entre a existência de zonas verdes e a saúde mental foi especialmente surpreendente quando avaliaram a prevalência de depressão entre crianças até 12 anos: os cientistas verificaram que as crianças que viviam perto de zonas arborizadas tinham uma probabilidade 21% menor de sofrerem de depressão. 

Em relação à saúde física, os benefícios também foram verificados, adiantando o estudo que quem vive perto de áreas verdes apresenta menos patologias respiratórias, como asma, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e infecções respiratórias do trato superior. Embora com menor impacto, o estudo também apurou uma menor taxa de doenças cardiovasculares, diabetes e cancro nos habitantes perto das zonas verdes. A pesquisadora responsável pelo estudo, Jolanda Maas, chama atenção para os benefícios para a saúde humana e também para os benefícios econômicos para os governos, através da diminuição dos custos com a saúde. Para tanto basta aumentar as áreas verdes e o plantio de árvores no meio urbano. 

Também a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) lançou recentemente um comunicado pedindo aos países que prestem mais atenção à gestão e proteção eficiente das florestas urbanas. Por floresta urbana entende-se uma floresta ou fragmento de uma floresta situada dentro ou próximo a uma zona urbana. Alguns países aplicam esse termo também para designar a arborização urbana de uma cidade, isto é, aquelas árvores que enfeitam nossas calçadas e refrescam nossas ruas com suas sombras generosas. Esse cuidado com as árvores urbanas deve-se ao fato de aumentar cada vez mais o percentual da população mundial que vive atualmente nas cidades e seus arredores.

O comunicado ressalta ainda que as florestas urbanas podem servir de laboratório vivo para a educação ambiental nas cidades, ajudando a reduzir a brecha entre a população urbana e as florestas. A FAO está ajudando a desenvolver diretrizes para os responsáveis das políticas e a tomada de decisões sobre silvicultura urbana e periurbana, com o objetivo de promover políticas sólidas e destacar as boas iniciativas. 

O poder público de Campinas deveria cuidar melhor das áreas verdes da cidade e a população, por sua vez, deveria cuidar melhor das árvores plantadas nas proximidades de suas casas: folhas e flores esparramadas pelo chão podem ser sinais de segurança e de saúde para todos.

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