Interessante estudo
realizado pelo Centro Médico da Universidade Vrije, em Amesterdam, Holanda e
publicado no “Journal of Epidemiology and Community Health” demonstra a
correlação entre saúde e espaços verdes. Analisando dados de cerca de 350 mil
pessoas que moravam próximo de jardins, parques e de outros espaços
arborizados, constatou-se que estes apresentavam menos doenças do que os
habitantes de áreas mais distantes de espaços arborizados. A análise teve por base
o cruzamento de dados entre os registros médicos das pessoas e os códigos
postais da área de residência. Através dos códigos postais, os investigadores
determinaram a percentagem de espaços verdes existentes dentro de
aproximadamente dois quilômetros da casa de cada pessoa.
Para a análise foi
avaliada a prevalência de 24 patologias. Em relação à saúde mental, foi verificado
que, entre os habitantes de locais em que num raio de um quilometro apenas 10%
da área estava ocupada por espaços verdes, a taxa de distúrbios de ansiedade
era de 26 por mil habitantes. Esse número caía para 18 entre os que viviam num
ambiente 90% arborizado. A relação entre a existência de zonas verdes e a saúde
mental foi especialmente surpreendente quando avaliaram a prevalência de
depressão entre crianças até 12 anos: os cientistas verificaram que as
crianças que viviam perto de zonas arborizadas tinham uma probabilidade 21%
menor de sofrerem de depressão.
Em relação à saúde
física, os benefícios também foram verificados, adiantando o estudo que quem
vive perto de áreas verdes apresenta menos patologias respiratórias, como asma,
doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e infecções respiratórias do trato
superior. Embora com menor impacto, o estudo também apurou uma menor taxa de
doenças cardiovasculares, diabetes e cancro nos habitantes perto das zonas
verdes. A pesquisadora
responsável pelo estudo, Jolanda Maas, chama atenção para os
benefícios para a saúde humana e também para os benefícios econômicos para os
governos, através da diminuição dos custos com a saúde. Para tanto basta
aumentar as áreas verdes e o plantio de árvores no meio urbano.
Também a
Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) lançou
recentemente um comunicado pedindo aos países que prestem mais atenção à gestão
e proteção eficiente das florestas urbanas. Por floresta urbana entende-se uma
floresta ou fragmento de uma floresta situada dentro ou próximo a uma zona
urbana. Alguns países aplicam esse termo também para designar a arborização
urbana de uma cidade, isto é, aquelas árvores que enfeitam nossas calçadas e refrescam
nossas ruas com suas sombras generosas. Esse cuidado com as árvores urbanas
deve-se ao fato de aumentar cada vez mais o percentual da população mundial que
vive atualmente nas cidades e seus arredores.
O comunicado ressalta ainda que as florestas urbanas
podem servir de laboratório vivo para a educação ambiental nas cidades,
ajudando a reduzir a brecha entre a população urbana e as florestas. A FAO está ajudando a desenvolver diretrizes para os responsáveis das
políticas e a tomada de decisões sobre silvicultura urbana e periurbana, com o
objetivo de promover políticas sólidas e destacar as boas iniciativas.
O poder público de
Campinas deveria cuidar melhor das áreas verdes da cidade e a população, por
sua vez, deveria cuidar melhor das árvores plantadas nas proximidades de suas casas: folhas e
flores esparramadas pelo chão podem ser sinais de segurança e de saúde para
todos.
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